Adicção, A.A., N.A., Doze Passos, Reflexões, Literatura, Clínica, Comunidade, Espiritualidade

TEMAS SOBRE ALCOÓLICOS E NARCOTICOS ANONIMOS, DOZE PASSOS, REFLEXOES, CLINICAS, COMUNIDADES, ESPIRITUALIDADE. ESPERO COM ESSAS MATERIAS, ESTAR COLABORANDO COM ALGUEM, EM ALGUM LUGAR, EM ALGUM MOMENTO DE SUA VIDA !

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Compilação dos 12 passos (AA + NA)

 

DOZE PASSOS COMPILADOS (AA+NA)

Passo Um. “Admitimos que éramos impotentes perante a nossa adicção, que nossas vidas tinham se tornado incontroláveis. ” 

Impotência significa nos drogarmos contra a nossa vontade. Se não conseguimos parar, como podemos nos iludir dizendo que controlamos? Quando dizemos que “não temos escolha”, mostramos a incapacidade de parar de usar. A escolha certa é não tentar justificar nosso uso. Não chegamos a Alcoólicos Anônimos cheios de amor, honestidade, boa vontade e mente aberta. Chegamos com dor física, mental, moral e espiritual. Ao nos sentirmos derrotados, estamos prontos. A adicção afeta negativamente todas as áreas de nossas vidas. É até um alívio descobrir que temos uma doença, e não uma deficiência moral. O alicerce do programa de Alcoólicos Anônimos é a admissão de questões, por nós mesmos, não temos poder sobre a adicção. Quando aceitamos isso, completamos a primeira parte do passo um. Precisamos fazer uma segunda admissão para completar nosso alicerce. Somos mestres em manipular a verdade. Dizemos de um lado: “sim, sou impotente perante minha adicção”, e por outro lado, “quando acertar minha vida, poderei lidar com as drogas”. Nunca ocorreu nos perguntar: “se não podemos controlar a adicção, como podemos controlar nossas vidas?”. Nossas vidas não se tornam controláveis por conseguirmos emprego, sermos aceitáveis socialmente e com o retorno aos familiares. Aceitação social não significa recuperação. Quando damos o melhor de nós, começamos a ver que cada dia limpo é um dia bem sucedido, não importa o que aconteça. A rendição significa que não temos mais que lutar. Aceitamos a nossa adicção e a vida como ela é. Parece assustador termos que aceitar que só sobre a admissão da completa derrota é que construiremos o alicerce nossas vidas. Quando admitimos nossa impotência e incapacidade de controlar nossas vidas, abrimos a porta para que um Poder Superior nos ajude. Não é onde estávamos que conta, mas para onde estamos indo.

Passo Dois. “Viemos a acreditar que um Poder Maior do que nós poderia devolver-nos à sanidade. ” 

O primeiro passo deixou um vazio em nossas vidas. Precisamos encontrar alguma coisa para preencher esse vazio. Esse é o propósito do segundo passo. Ajudá-lo a preencher o vazio com fé e sanidade. Quando chegamos ao programa, muitos de nós percebemos que voltaram a usar inúmeras vezes, mesmo sabendo que estavam destruindo suas vidas em todos os sentidos e a caminho da morte. A insanidade mais óbvia da doença da adicção é a obsessão de usar drogas. Insanidade é repetir os mesmos erros, esperando resultados diferentes. “Por favor, me dê um ataque do coração ou um acidente fatal”. Se você acha que isso seria insano de sua parte pedir a alguém que lhe desse isso, então você não deverá ter qualquer problema com o segundo passo. Paramos de usar drogas, agora temos uma dor e um vazio; passamos a buscar um Poder maior que nós para aliviar nossa obsessão de usar. Começamos a desenvolver este relacionamento simplesmente admitindo a possibilidade de um Poder maior do que nós. A nossa compreensão de um Poder Superior fica a nosso critério. Ninguém vai decidir por nós. Pode ser o grupo, o programa ou Deus. Importa que seja amoroso e maior que nós. Não precisamos ser religiosos para aceitar essa ideia, basta ter a mente aberta para acreditar. Falamos e ouvimos os outros. Elas estão se recuperando, começamos a ver evidências de um Poder que não podia ser explicado completamente. Podemos usar este Poder muito antes de compreendê-lo. Vendo os benefícios que acontecem em nossa vida, a aceitação se transforma em confiança, e passamos a nos sentir a vontade com nossa Poder Superior como fonte de força. Assim começamos a superar nosso medo da vida. Acreditar devolve-nos à sanidade, e a força para agir positivamente vem dessa crença.

Passo Três. “Decidimos entregar nossa vontade e nossas vidas aos cuidados de Deus, da maneira que o compreendíamos”. 

Como adictos várias vezes entregamos nossa Vontade, e nossas vidas a um poder destrutivo que são as drogas. Em Alcoólicos Anônimos, decidimos entregar nossas vidas e nossas vontades aos cuidados de Deus, da maneira como nós O compreendemos. Este é um passo gigantesco. Não envolve religião. Basta ter voa vontade de abrir a porta para nosso Poder Maior, que funciona para nós e nos dá aquela força para nos manter limpos. O direito a um Deus, da maneira que você compreende, é total e irrestrito, por isso precisamos ser sinceros com Ele, se quisermos crescer espiritualmente. Nossa satisfação de entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, da maneira que O compreendemos, é que fomos nós que decidimos; não foram as drogas, nossas famílias, uma autoridade, um juiz, um terapeuta ou um médico. Fomos nós que decidimos! Pela primeira vez, desde aquela primeira onda, tomamos uma decisão por nós mesmos. Decisão implica ação. Esta decisão é baseada na fé. A ação vem quando dizemos “tome minha vontade e minha vida. Oriente-me na minha recuperação. mostre-me como viver.” Nós devemos nos render à vontade de nosso Poder Superior calmamente, e deixá-lo cuidar de nós; nossos medos são diminuídos e a fé começa a crescer. Passamos a apreciar a vida limpa, sentir que não podemos parar no programa espiritual; queremos tudo que pudermos conseguir.

Passo Quatro. “Fizemos um profundo e destemido inventário moral de nós mesmos”. 

O propósito é arrumar a confusão e a contradição de nossas vidas. Precisamos descobrir quem realmente somos. Ficamos receosos, pois pode haver um monstro dentro de nós que, se for libertado, irá nos destruir. Fomos mestres em autoengano e racionalizações. Um inventário escrito, além de nos fazer superar estes obstáculos vai desvendar parte do nosso subconsciente. E a auto avaliação honesta é uma das chaves de nossa nova maneira de ser e viver. Escrevendo sobre o nosso passado, até o presente, descobrimos que não éramos tão maravilhosos nem tão terríveis quanto imaginávamos. O objetivo do quarto passo, não é um sofrimento emocional, é tentar nos libertar de padrões velhos e inúteis. Damos o quarto passo para ganhar força e discernimento. Estivemos nos debatendo por muito tempo, sem chegar a lugar nenhum. Começamos agora o quarto passo sentindo-nos bem pelo privilégio de podermos fazer o que nos é o melhor possível no momento e sem nenhum medo. Nosso passado era como um fantasma preso no armário. Tínhamos medo de abri-lo, pois não sabíamos o que o fantasma faria. Mas agora não estamos sozinhos. Temos o grupo, o padrinho, o Poder Superior ao nosso lado. Devemos escrever sobre tudo: experiências, culpa, vergonha, remorso, auto piedade, ressentimentos, raiva, depressão, frustrações, confusões, solidão, ansiedade, deslealdade, desesperança, fracasso, medos e negação. O que nos incomoda aqui e agora. Escrever também as coisas boas que, agora limpos, julgamos ter: ter mente aberta, consciência de Deus, honestidade, aceitação, ação positiva, partilhar, ter boa vontade, coragem, fé, carinho, gratidão, gentileza e generosidade. Examinando nossa atuação passada e nosso comportamento presente, vamos ver o que queremos manter e o que queremos descartar. O inventário torna-se um alívio, pois a dor de fazê-lo é menor do que a dor de não fazê-lo. Quando as questões cotidianas surgem, escrevemos sobre elas e através desse mecanismo, ficamos serenos, pois sabemos como resolver a vergonha, a culpa ou o ressentimento.

Passo Cinco. “Admitimos a Deus, a nós mesmos e a outro ser humano a natureza exata de nossas falhas.” 

É sugerido que admitamos a Deus, a nós mesmos e a outro ser humano a natureza exata de nossas falhas. Essa admissão deve vir dos nossos próprios lábios e não se trata de uma simples leitura do quarto passo. Seria trágico escrever tudo e depois jogar numa gaveta. Estes defeitos crescem no escuro e morrem à luz da exposição. Não precisamos nos sentir rejeitados por revelar a outro nossos segredos, os adictos de Alcoólicos Anônimos nos entendem. Devemos escolher bem a pessoa que vai nos ouvir (padrinho); temos que ter a certeza de sua integridade e confiança em sua discrição. Não esconda nada sobre seu passado, pois assim a vergonha será superada, e podemos evitar culpa futura. À medida que partilhamos este passo, o padrinho também partilha um pouco da sua história. Descobrimos que não somos os únicos. Através da aceitação do nosso confidente, que podemos ser aceitos como somos. Onde antes tínhamos teorias espirituais, começamos a gora a despertar para a realidade espiritual.

Passo Seis. “Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse estes defeitos de caráter.” 

O que nós batalhamos no passo seis é a boa vontade. Abrir um pouco a mão dos defeitos de caráter deve ser fruto de uma decisão. Até agora era mais cômodo nos apegarmos aos medos, aversões, dúvidas, auto aversão, ódio, desonestidade, egoísmo, auto piedade. Agora, limpos, vemos que se não somos humildes, somos humilhados. Nossos defeitos sugam todo o nosso tempo e energia. Começamos a ansiar pela nossa libertação destes defeitos. Rezamos ou ficamos dispostos, prontos e capazes de deixar que Deus remova estes traços destrutivos. Devemos entrar em contato com os velhos defeitos com a mente aberta. Ainda conscientes deles, continuamos a cometê-los. Quando vemos a existência destes, e o aceitamos, podemos abrir mão dos defeitos ou maus hábitos, e continuar nossa vida. Aprendemos que estávamos crescendo, quando cometemos novos erros, em vez de repetir os velhos. Devemos ser realistas, não alimentar fantasias. Este é um passo de boa vontade. O passo seis ajuda-nos a caminhar numa direção espiritual. Por sermos humanos, nós nos desviaremos do caminho. A rebeldia nos assalta neste ponto. Não percamos a fé quando ficarmos rebeldes. Podemos duvidar que Deus ache justo nos aliviar, ou podemos achar que algo vá dar errado. Prontificamo-nos a deixar que nossos defeitos sejam removidos. Neste momento é importante saber que gradualmente, Deus vai removê-los, é preciso de nossa parte ter fé, humildade e aceitação assim, a boa vontade se transformar em esperança. Talvez, pela primeira vez, tenhamos uma visão amadurecida de nossa vida.

Passo Sete. “Humildemente pedimos a Ele que removesse nossos defeitos de caráter.” 

Os defeitos de caráter são as causas da dor e do sofrimento das nossas vidas. A humildade é o ingrediente principal do passo sete. A humildade resulta de seremos mais honestos conosco, ou seja, aceitar e tentar, honestamente, sermos quem somos. Quando na ativa, todo nosso desejo era satisfazer nossos desejos materiais. Espirituais sequer existiam. O sétimo passo é de ação, chegou a hora de pedirmos a Deus ajuda e alivio. Não podemos ficar na defensiva; quando algum companheiro nos apontar um defeito, se quisermos realmente ser livres, ouviremos atentamente. Se após isso, eles forem reais, e tivermos oportunidade de nos livrar deles, certamente experimentaremos uma sensação de bem-estar. Devemos trabalhar este passo sem reservas, na base da pura fé, pois estamos cansados do que temos feito e sentido. Se algo está funcionando para você, vá com ele até o fim. Esta é a estrada para o crescimento espiritual. Vamos mudando dia-a-dia e com cuidado, saímos do isolamento e da solidão da adicção e entramos na corrente da vida. É o resultado de nossa ação e oração. Devemos sair de nós mesmos e lutar para alcançar a vontade do nosso poder superior. A humildade é essencial, pois muitas vezes, Deus se manifesta através daqueles que se importam com a recuperação, ajudando-nos a tomar conhecimento dos nossos defeitos de caráter até então desconhecidos.

Passo Oito. “Fizemos uma lista de todas as pessoas que tínhamos prejudicado e dispusemo-nos a fazer reparações a todas elas.” 

O passo oito é o teste da nossa recém-encontrada humildade. O oitavo passo não é fácil, inicia o processo do perdão: perdoamos aos outros, possivelmente somos perdoados e, finalmente, nós nos perdoamos e aprendemos a viver no mundo. Estamos prontos para compreender que ser compreendidos. Podemos viver e deixar viver mais facilmente. Na preparação da lista de pessoas é importante definir o que seja “prejudicar”: uma definição de prejuízo é dano físico ou mental. Outra é causar dor, sofrimento ou perda. Pode ser causado por algo que seja dito, feito ou deixado de fazer. Podemos ter prejudicado com palavras ou ações, internacionais ou não. Este passo nos confronta com um problema: não admitimos que prejudicamos a outro por nos julgarmos a nós como vítimas de nossa adicção. É crucial evitar esta racionalização. Temos que separar o que fizeram conosco, com o que fizemos com os outros. Temos que admitir que prejudicamos outras pessoas. Como em todos os passos, devemos ser profundos. Portanto vamos fazer uma lista e nos dispor. Esse passo nos ajuda a criar uma consciência de que estamos, aos poucos, ganhando novas atitudes em relação a nós mesmos e no trato com as outras pessoas. Nosso futuro é modificado, porque não temos que evitar as pessoas que prejudicamos. Recebemos uma nova liberdade que pode por fim ao isolamento. O oitavo passo é de ação, de perdoar e pedir perdão e como todos os passos oferece benefícios imediatos.

Passo Nove. “Fizemos reparações diretas a tais pessoas, sempre que possível, exceto quando fazê-lo pudesse prejudicá-las ou a outros. ” 

Às vezes, o orgulho, o medo e a procrastinação (deixar para depois) parecem barreiras intransponíveis, obstruem o caminho do progresso e do crescimento. O importante é partir para ação, e estarmos prontos para aceitar as reações das pessoas que prejudicamos. Devemos fazer a reparação quando surgir a oportunidade, exceto quando fazê-la possa causar mais prejuízo. Mas jamais devemos deixar de fazer as reparações, por medo, constrangimento ou procrastinação. Aprender a viver bem, é em parte, aprender, a saber, quando precisamos de ajuda. Fazemos nossa parte para resolver velhos conflitos através das reparações. Queremos desviar de mais antagonismos e de contínuos ressentimentos. Cada caso é um caso e vai exigir um extremo bom senso de nossa parte, para não agravarmos mais ainda a situação. É como pisar em ovos, mas teremos que fazê-lo. Às vezes a única reparação que podemos fazer, é nos mantermos limpos. Devemos isso a nós mesmos e as pessoas que amamos. Às vezes, a única maneira é contribuirmos para a sociedade ajudando outros adictos a se recuperarem. Muitos de nós, que estiveram separados de suas famílias, reatamos. O tempo fala por si. A paciência é importante em nossa recuperação. Para cada atitude positiva nossa, haverá uma oportunidade inesperada. Com muita coragem e fé, o resultado das reparações será muito crescimento espiritual.

Passo Dez. “Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.” 

O passo dez nos liberta dos destroços do nosso presente. Temos que continuar atentos. Em Alcoólicos Anônimos aprendemos que se usarmos, perdemos. Da mesma forma, não sentiremos tanta dor, se pudermos evitar aquilo que nos causa dor. Continuar a fazer um relatório diário, sobre nossas atitudes, sentimentos, relacionamentos é o que chamamos de “inventário relâmpago”. Somos criaturas de hábitos. Às vezes parece mais fácil continuar no velho trilho da autodestruição do que tentar uma nova rota, aparentemente perigosa. O décimo passo nos ajuda a evitar os velhos padrões e nos ajuda a corrigir nossos problemas com a vida, e evitar que se repitam. Quando durante o dia, deixamos problemas não resolvidos, eles tendem a velha insanidade. Escrevendo sobre como foi nosso dia, podemos nos perguntar: estamos sendo arrastados para os velhos padrões de raiva, ressentimento ou medo. Sentimo-nos encurralados? Estamos arranjando problemas? Estamos muito famintos? Raivosos, solitários ou cansados? Estamos nos levando muito a sério? Estamos julgando nosso interior pela aparência exterior dos outros? Estamos sofrendo de algum problema físico? As respostas a essas perguntas podem nos ajudar a lidar com as dificuldades do momento. Não precisamos mais viver com uma sensação de mal-estar, temos o grupo de Alcoólicos Anônimos para nos auxiliar. Para fazer este inventário diário, a primeira coisa que fazemos ao final do dia é parar! Depois nos damos um tempo e nos permitimos o privilégio de pensar. Examinamos nossas ações, reações e motivos. Assim reconhecemos possíveis erros antes que se agravem. Precisamos evitar racionalizações. Prontamente admitimos nossos erros, não os justificamos. Precisamos deste passo, mesmo quando nos sentimos bem e quando as coisas estão dando certo. Os sentimentos bons são coisa nova para nós, e precisamos nutri-los. Os bons momentos também podem ser uma armadilha; corremos o perigo de esquecer que a nossa primeira prioridade é nos mantermos limpos. Não justificamos mais a nossa existência. Este passo permite que sejamos nós mesmos.

Passo Onze. “Procuramos, através de prece e meditação, melhorar o nosso contato consciente com Deus, da maneira como nós O compreendemos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós e o poder de realizar esta vontade.” 

Nosso estado espiritual é o alicerce de uma recuperação bem sucedida, que oferece crescimento ilimitado. Nossa crença determinará a maneira como oramos ou meditamos. Só precisamos da certeza de que temos um sistema de crença que funcione para nós. Usamos este passo para melhorar e manter o nosso estado espiritual, além de melhorar a capacidade de usar nosso Poder Superior como fonte de força em nossa vida. Assim, fica bem mais fácil dizermos “seja feita a Sua vontade, não a minha”. Deus não vai nos impor a sua bondade, mas poderemos recebê-la se pedirmos. A moralidade forçada não tem o poder que vem a nós quando escolhemos uma vida espiritual. A maioria de nós reza, quando está com dor. Aprendemos que, se rezarmos com regularidade, não sentiremos dor com tanta frequência ou com tanta intensidade. A meditação permite que nos desenvolvamos espiritualmente da nossa própria maneira, livres de vínculos religiosos ou filosóficos. Algumas coisas que não funcionavam para nós no passado, poderão funcionar hoje. Temos um novo olhar a cada dia, com a mente aberta. Sabemos que se rogarmos a vontade de Deus, receberemos o que for melhor para nós, independente do que pensamos. Orar é comunicar nossas preocupações ou agradecimentos a um Poder Superior. Para alguns, oração é pedir a ajuda de Deus; meditação é escutar a resposta de Deus. Rezamos para que Deus nos mostre a Sua vontade, e para que nos ajude a realizá-la. Se rogarmos a Deus que remova quaisquer influências que nos distraiam de nossa recuperação, a qualidade de nossas preces geralmente melhora e sentimos a diferença. Através da prece, buscamos o contato consciente com nosso Deus. Na meditação, alcançamos este contato. Nos momentos tranquilos de meditação, com a mente sossegada e calma, a vontade de Deus pode tornar-se evidente para nós e nos trazer uma paz interior que nos põe em contato com o Deus dentro de nós, e nos leva ao equilíbrio emocional. A vontade de Deus para nós torna-se a nossa própria verdadeira vontade. Isto acontece de uma maneira intuitiva, que não pode ser adequadamente explicada em palavras. Começamos a sentir vontade de deixar que os outros sejam quem são sem precisarmos julgá-los. Perdemos a urgência de controlar as coisas. Sabemos que Deus nos deu tudo aquilo que precisamos para o nosso bem-estar espiritual, independente do que o dia nos trouxe. Respeitamos as crenças dos outros. Nós o encorajamos a procurar força e orientação de acordo com a sua crença. Com uma atitude de rendição e humildade, retomamos este passo, repetidamente, para recebermos a dádiva do conhecimento e da força do Deus da nossa compreensão.

Passo Doze. “tendo experimentado um despertar espiritual, como resultado destes passos, procuramos levar esta mensagem a outros adictos e praticar estes princípios em todas nossas atividades.” 

Existe um princípio espiritual de dar aquilo que nos foi dado em Alcoólicos Anônimos, para podermos mantê-lo. Ao ajudarmos os outros a se manterem limpos, desfrutamos o benefício da riqueza espiritual que encontramos. Temos de dar livremente e com gratidão o que nos foi dado livremente e com gratidão. As mudanças nos tornam mais capazes de viver segundo princípios espirituais, e de levar a nossa mensagem de recuperação e esperança, ao adicto que ainda sofre. Em Alcoólicos Anônimos um despertar espiritual, inclui o fim da solidão e um sentido de direção nas nossas vidas. Para mantermos a paz de espírito, nós nos esforçamos para viver o aqui e agora acompanhado por um crescente interesse pela recuperação dos outros. Partilhar esta nova dádiva que recebemos com os adictos que ainda sofrem, é o melhor seguro contra uma recaída na tortuosa existência do uso. É um privilégio responder a um apelo de ajuda de outro adicto em recuperação. Lembremos sempre, que já estivemos no abismo do desespero. Às vezes, o poder do exemplo é a única mensagem necessária. Evitemos dar conselhos, a mensagem simples e honesta de recuperação da adicção soa verdadeira. Mantendo-nos limpos, começamos a praticar princípios espirituais como esperança, rendição, aceitação, honestidade, mente aberta, boa vontade, fé, tolerância, paciência, humildade, amor incondicional, partilhar e interesse. Espiritualmente revigorados, estamos contentes por estarmos vivos. Sim, somos uma visão de esperança. Somos exemplos de que o programa funciona. A felicidade que temos em viver limpos é uma atração para o adicto que ainda sofre.

 

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