Adicção, A.A., N.A., Doze Passos, Reflexões, Literatura, Clínica, Comunidade, Espiritualidade

TEMAS SOBRE ALCOÓLICOS E NARCOTICOS ANONIMOS, DOZE PASSOS, REFLEXOES, CLINICAS, COMUNIDADES, ESPIRITUALIDADE. ESPERO COM ESSAS MATERIAS, ESTAR COLABORANDO COM ALGUEM, EM ALGUM LUGAR, EM ALGUM MOMENTO DE SUA VIDA !

segunda-feira, 20 de março de 2017

Breve Entrevista Sobre Terceiro Passo


Entrevistado: (anônimo) membro de AA. (autorizou a divulgação)
Pergunta: Qual é sua visão da importância do terceiro passo?
- Nos primeiros dois passos estivemos refletindo. Vimos que éramos impotentes perante o álcool, mas também percebemos que alguma espécie de fé, mesmo que fosse somente em Alcoólicos Anônimos, estava ao alcance de qualquer um. Essas conclusões não requereram ação; requereram apenas aceitação. Através de ação conseguimos interromper a vontade própria que sempre impediu a entrada de Deus – ou, se preferir, de um Poder Superior – em nossas vidas. 
Pergunta: Podemos ter fé, mas manter o Poder Superior fora de nossas vidas. Como deixá-lo entrar? Como entregar a vontade e a própria vida aos cuidados do Poder Superior que se pensa possa existir? 
- O passo inicial é a boa-vontade e se libertar do egoísmo. Saber que quanto mais nos dispomos a depender de um Poder Superior, mais independentes nos tornamos. A dependência ao Poder Superior, como se pratica em Alcoólicos Anônimos, realmente é um meio de ganhar a verdadeira independência do espírito. Na vida cotidiana, é alarmante descobrir o quanto somos realmente dependentes e quão inconscientes somos dessa dependência. Toda casa moderna tem fios elétricos que levam força e luz ao seu interior. Ficamos encantados com essa dependência, nossa maior esperança é que nada possa a vir a interromper o suprimento da corrente. Aceitando nossa dependência dessa maravilha da ciência, descobrimos que somos mais independentes pessoalmente. E não somente somos independentes como também nos sentimos mais confortáveis e seguros. A força corre justamente para onde ela é necessária silenciosa e confortavelmente, a eletricidade – essa estranha energia que tão poucas pessoas compreendem – supre nossas necessidades mais simples, e as mais desesperadas também. Porém, no momento em que entra em jogo nossa independência mental e emocional, como nos comportamos diferentemente! 
Pergunta: Mantemos uma filosofia valente, na qual cada um de nós faz o papel de Deus, para nós soa muito bem, mas será que funciona mesmo? 
- Uma boa olhada no espelho servirá de resposta para qualquer alcoólico. A auto-suficiência é uma filosofia que não está dando certo e o final é a única ruína. Já sofremos o bastante e é hora de procurar os Alcoólicos Anônimos. Alguns alcoólicos rebeldes concluem que qualquer tipo de dependência é intoleravelmente prejudicial. Mas a dependência de um grupo de Alcoólicos Anônimos ou de um Poder Superior jamais produziu qualquer efeito pernicioso.  
Pergunta: Como faria um indivíduo de boa disposição para seguir entregando sua vontade e sua vida aos cuidados do Poder Superior?
- Não é só livrar-se da dependência do álcool, mas também arrumar toda a bagunça moral, espiritual, física e psíquica que o álcool causou. Nada poderá ser feito apenas com a sua coragem e a vontade desassistida. Certamente, chegou a hora de depender de alguém ou alguma coisa. Ao início, esse “alguém” provavelmente será seu amigo mais próximo em Alcoólicos Anônimos. A vontade humana de nada serve. Além do álcool existem muitos outros problemas que também não se vencem apenas com a força de vontade. É preciso haver boa disposição e um ato de vontade própria, um esforço pessoal contínuo para se adaptar aos princípios dos doze passos e, assim se espera, à vontade de Deus. É quando tentamos adaptar a nossa vontade à de Deus que começamos a usá-la corretamente. Para todos nós esta foi uma revelação maravilhosa. Todo nosso problema resultou do abuso da vontade. Havíamos tentado atacar nossos problemas com ela, ao invés de modificá-la, para que estivesse de acordo com a vontade de Deus para conosco. O terceiro passo abre as portas para todos os doze passos. Cada vez que aparecer um momento de indecisão ou de distúrbio emocional, podemos fazer uma pausa, pedir silêncio, e dizer simplesmente: “Concedei-me Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar aquelas que posso, e sabedoria para distinguir uma das outras”.

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