Adicção, A.A., N.A., Doze Passos, Reflexões, Literatura, Clínica, Comunidade, Espiritualidade

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sábado, 3 de novembro de 2007

A vida de Maria

A VIDA DE MARIA

(De Seu Nascimento Ao Calvário de Jesus)

A Lenda de Joaquim e Ana. Pais de Maria:

Os Evangelhos narram os episódios mais expressivos da gloriosa vida de Maria; porém os Evangelhos concentraram-se quase que exclusivamente na vida de Nosso Senhor, deixando, assim, muitos claros em nosso entendimento acerca da história de Sua mãe. Para inteirarmo-nos das origens de Nossa Senhora, Seu casamento com José e outros detalhes semelhantes, nós precisamos recorrer às anedotas que começaram a circular entre as primeiras comunidades cristãs e que se tornaram, por dezenas e centenas de anos, uma fonte de inspiração para escritores e artistas cristãos. Essas anedotas finalmente cristalizaram-se em coleções cristãs (apócrifas) e naturalmente muito do que contém é obviamente imaginário. Por outro lado, tendo tido sua origem próxima à Maria elas podem e devem ser fatos verdadeiros e, ainda o que é mais importante, elas constituem um elemento precioso e essencial à compreensão da vida de Maria.
Particularmente típicas são as histórias apócrifas sobre Maria, apresentadas no livro de São Tiago (aproximadamente 150 dC.), as quais constituem a fonte principal para o relato da história dos pais de Nossa Senhora, Joaquim e Ana. Daí deduzirmos eles residiam em Jerusalém, nas proximidades do templo, e que eram judeus piedosos. Joaquim, pastor próspero pelo fruto de seus trabalhos, era generoso, oferecendo dádivas no templo em expiação pelas ofensas de todo o povo e pelas suas próprias ofensas. Contudo, a despeito de suas virtudes, ele e sua esposa Ana não tinham sido abençoados por Deus em descendência e, quando Joaquim foi a templo para oferecer seus presentes, o sacerdote Rubem reprovou-o acertadamente, chamando-o indigno, uma vez que ele era o único sem descendência entre as tribos de Israel.
Triste e humilhado, Joaquim abrigou-se no deserto, onde manteve-se em abstinência por quarenta dias. No fim desse período, Joaquim em seu retiro no deserto e Ana em seu jardim, Jerusalém, ambos receberam angélicos distantes que lhes disseram que Deus se havia apiedado deles e que responderia às suas oração, dando-lhes descendência. Quando Joaquim voltou à cidade, Ana, que fôra avisada de sua chegada, correu para saudá-lo.

A Imaculada Conceição.

O piedoso Joaquim e sua esposa tinham sido escolhidos para pais Daquela que havia de trazer ao mundo o Filho de Deus feito homem, e Salvador da humanidade.
Uma vez que o corpo desta donzela iria abrigar em seu seio, o Verbo Encarnado, Deus inundou Sua alma de Graça, a tal ponto que excederia às Suas mais nobres criaturas e para que o demônio não tivesse poder, mesmo por um momento, sobre a Mãe de Deus.
Deus, criou Sua alma livre do pecado original, sem mancha alguma e radiante de Graças Divinas. Chamamos essa pureza original de Maria Sua Imaculada Conceição; e isto significa que, embora sendo Sua concepção natural, o pecado original nunca tocou Sua alma a qual estava cheia de Graça, desde o instante de Sua criação no seio de Santa Ana.
A doutrina da ausência absoluta de pecado em Maria é encontrada freqüentemente nos escritos dos padres da Igreja, os quais se referem à Maria em termos poéticos: “Imaculada e perfeitamente imaculada; inocente e muito inocente; toda casta; toda inviolada; forma e modelo de pureza e inocência; mais formosa e graciosa que a própria beleza e Graça...”. Do mesmo modo se expressam a respeito os padres e grandes doutores dos séculos seguintes. Mesmo o infiel Mahomed glorifica Maria em seu alcorão dizendo: “Os anjos disseram a Maria, ‘Alá a escolheu’, Ele a fez isenta de toda a mancha.”





A Infância de Maria.

As lendas antigas narram muitos detalhes sobre o nascimento e os primeiros anos da Filha de Joaquim e Ana: nascida em Jerusalém, possivelmente no ano 20 aC., durante a festividade dos tabernáculos, no outono, sendo extremamente formosa. Chamava-se Maria (Míriam, Maryan), nome misterioso de significado incerto. Aos três anos foi levada ao templo e consagrada a Deus; segundo as lendas orientais, Ela ali permaneceu sobre a tutela dos sacerdotes; as lendas ocidentais, todavia, fazem crer que Maria retornou à casa depois da apresentação ao templo e recebendo Sua educação diretamente de Santa Ana.

A Anunciação de Maria.

Quando Maria atingiu a idade para matrimônio, casou-se com José, que era um carpinteiro de Nazaré, e que como Ela, pertencia à família de Davi. José aceitou Maria como esposa, sabendo que Maria havia dedicado sua virgindade a Deus.
Maria passou o tempo de Seus esponsais em Nazaré, em casa de Sua futura cunhada. nesta casa o anjo Gabriel apareceu anunciando-lhe que seria a mãe do Messias. Maria respondeu: “Eis aqui a escrava do Senhor.”

A Visitação e o Nascimento.

Como um exemplo de poder de Deus, Gabriel disse a Maria que Sua parenta Izabel, apesar de sua idade e de ser considerada estéril, teria uma criança. Naturalmente, Maria resolveu visitar Sua prima para ajudá-la e contar-lhe o sucedido.
Não sabemos o que Ela disse a José e Sua irmã para justificar Sua visita. “Maria se levantou e foi apressadamente à montanha” e em quatro dias chegou a aldeia de Judá onde vivia Sua prima.
O encontro das duas mulheres foi ao mesmo tempo solene e pleno de gozo. Izabel ao ouvir a voz de Maria experimentou uma emoção que não era meramente surpresa; a criança não nascida moveu-se em seu seio e um sopro de profecia tocou sua alma. Jubilosamente, ela proclamou a Glória de Maria e a do menino que sua prima daria à luz. Maria por sua vez proferiu o magfnificat, louvando a Deus por Sua misericórdia e sabedoria e pela maravilha que havia realizado escolhendo-a para mãe do Salvador da humanidade.
Quando Maria retornou à Nazaré, depois de três meses de visita a Isabel, Sua gravidez já se fazia notar. A princípio José estava confuso e perturbado; mas um anjo o tranqüilizou e então José levou Maria consigo, cumprindo, assim, o último passo para o matrimônio e os desígnios de Deus.
Pouco tempo depois tiveram de abandonar sua casa, pois um édito romano chamava a todos para um censo, sendo necessário que cada um se inscrevesse em seu lugar de origem. Para Maria e José esse lugar era Belém, onde havia nascido Davi. Quando lá chegaram não encontraram alojamento porque os abrigos estavam repletos. José sentiu-se quase desesperado pois Maria estava para dar à luz o Seu menino. Finalmente eles encontraram abrigo num estábulo, e nesse lugar Maria deu à luz o Menino Jesus. Depois de enfaixá-Lo, Ela O colocou numa manjedoura.

Os Pastores e os Três Reis Magos.

O nascimento de Jesus, bem como Sua concepção, processou-se sem que Maria perdesse Sua virgindade ou sofresse as dores do parto. Deve-se distinguir o milagre do nascimento as perda da virgindade da Imaculada Conceição, pela qual Maria veio à existência livre do pecado original.
Na mesma noite do nascimento de Cristo, um anjo apareceu a alguns pastores que se encontravam nos arredores cuidando de seus rebanhos e lhes disse que procurassem o recém-nascido Salvador; anjos apareceram no céu glorificando a Deus e anunciando a paz de Cristo. Quando a visão se desvaneceu os pastores apressaram-se e encontraram o prodígio anunciado. Entraram no refúgio da Sagrada Família e ofereceram presentes ao menino Rei.
Oito dias depois do nascimento o Menino foi circuncidado e recebeu o nome de Jesus, como o anjo Gabriel havia indicado; e, quando quarenta dias mais tarde, Maria foi ao templo para o rito da purificação, Ela e José levaram Jesus para apresentá-Lo ao Senhor. No templo um piedoso ancião chamado Simão, a quem Deus havia prometido que não morreria sem haver visto o Messias, tomou Jesus em seus braços e jubilosamente reconheceu o Salvador prometido. Mas ele previu que uma espada de dor atravessaria o coração de Maria. Ana a profetiza, aproximando-se também, louvou Jesus.
Entretanto, os magos, advinhos do longínquo oriente, observando as estrelas haviam descoberto a vinda de um novo Rei judeu e alguns deles, buscaram o novo Rei, seguindo Sua “estrela” no céu. Depois de atravessar Jerusalém (onde alarmaram Herodes com suas notícias), chegaram à casa de Belém em que estava a Sagrada Família. Ajoelhando-se diante do Menino, esses visitantes do oriente ofereceram como presentes ouro e aromas.

A Fuga Para o Egito.

Quando os magos perguntaram a Herodes onde podiam encontrar o recém-nascido, Rei dos judeus, ele consultou os sacerdotes e escribas, que lhe responderam que o Cristo iria nascer em Belém. Então o Rei despediu-se dos magos, rogando-lhes que o avisassem quando encontrassem o Menino, a fim de que ele pudesse prestar-lhe homenagem.
Herodes estava decidido a destruir essa ameaça à sua segurança, mas os magos, avisados em sonho, não passaram novamente por Jerusalém ao regressarem ao seu país. Vendo que eles não voltavam o Rei sentiu-se burlado e, não querendo perder sua presa, decretou a morte de todos os meninos com menos de dois anos de idade, em Belém, pois calculou que Cristo não teria então mais de dois anos. Uma vez mais, contudo, a intervenção Divina destruiu os planos de Herodes, pois antes que os soldados começassem a carnificina dos meninos de Belém, José e Maria, avisados em sonho por um anjo, haviam fugido para o Egito, onde Herodes não tinha poder para prejudicar o Menino.
A Sagrada Família chegou a Gaza depois de cruzara planície de Seprelah; voltando-se então, seguiram acosta até chegar à fronteira. Uma vez cruzado o rio do Egito já não havia perigo e é possível que a família tenha se detido nesse lugar para descansar. Cena essa que tem sempre atraído a atenção dos artistas cristãos. É legendário o suposto encontro com os ladrões, que mais tarde seriam crucificados com Jesus; segundo a versão mais comum dessa história, o bom ladrão protege os Santos e os defende de seus companheiros.
Herodes morreu na primavera do ano 4 aC. E José, informado por um anjo, voltou à Judéia. Provavelmente pensava em instalar-se em Belém, mas vendo que o cruel filho de Herodes o havia sucedido no trono e movido por outro conselho angélico ele continuou caminho até Nazaré.

A Infância de Jesus.

Agora os perigos e desterro haviam passado e a Sagrada Família entrou em um período de paz e felicidade. O evangelista nos diz que “O Menino crescia e se robustecia cheio de sabedoria e que as Graças de Deus O amparavam.”
Ele seguia as leis da natureza que havia assumido e Maria observava amorosamente o desenvolvimento de Suas faculdades. Quando se instalaram em Nazaré, Jesus tinha a idade em que os meninos aprendem a andar e facilmente podemos imaginá-lo tentando dar os primeiros passos com a ajuda de Maria. Em pouco tempo estaria sentado nos joelhos de Maria aprendendo a balbuciar os preceitos da lei e os feitos de seu antepassado Davi e de outros heróis israelitas.
A Sagrada Família vivia modestamente mas confortavelmente. A casa pequena e sólida provavelmente tinha poucos quartos. O mesmo cômodo servia de sala de jantar durante o dia e à noite, esteiras eram colocadas no chão, convertendo-o em dormitório da pequena família.
Geralmente, São José é representado como carpinteiro, mas é preciso levar em conta que o ofício que chamamos “carpinteiro” tinha então, um sentido mais vasto e abrangia não somente a confecção de móveis, mas também de carretas, arados e outros instrumentos de trabalho. Enquanto ele trabalhava, Maria se ocupava das tarefas domésticas e, além de cozinhar e limpar a casa, ela se encarregava de trazer água da fonte, sendo obrigada a uma viagem diária até a fonte, localizada na praça do vilarejo. Também tinha que recolher lenha e trazer ervas das colinas que rodeavam o local. Sem dúvida alguma levava freqüentemente Jesus nessas pequenas excursões pelo campo, mostrando a Ele as belezas das colinas da Galiléia e o esplendor do grande Hermon, com suas cúspides cobertas de neve, brilhando como fogo branco no horizonte.
É possível que Maria tecesse os vestidos de sua família, os quais segundo a lenda nunca se gastaram, à semelhança daqueles que os israelitas usavam durante os anos de peregrinação no deserto. Diz-se ainda que aquele que Maria fez para o menino crescia. Esta peça de roupa, segundo a lenda, seria a túnica incosútil da qual Cristo foi despojado no calvário, aquela mesma túnica que foi disputada a dados pelos soldados, quando Jesus expiava na cruz os pecados da humanidade inteira.

Maria Encontra Jesus no Templo.

Aos doze anos Jesus tornou-se “filho do preceito” e conseqüentemente era obrigado (ao passo que inicialmente ele havia permitido) a ir com Seus pais a Jerusalém para a páscoa. Depois da festividade, quando Seus pais partiram com os outros peregrinos, de regresso a casa, Jesus permaneceu em Jerusalém. Maria e José continuaram seu caminho sem notar Sua ausência até o fim do dia. então, cheios de angústia e consternação, voltaram à cidade e começaram a procurar por Ele. Finalmente encontraram Jesus em um dos átrios do templo, falando com um grupo de doutores e deixando-os estupefatos com Sua sabedoria e encantados com o que Ele lhes ensinava. Quando Maria falou-lhe de sua angústia, Ele delicadamente a recordou de Sua missão: “Não sabias que Eu devo tratar dos assuntos de Meu Pai?”

Maria Volta a Nazaré.

São Lucas narra que depois que José e Maria encontraram Jesus no templo, “Ele desceu com eles e voltou a Deus Nazaré, e estava submetido a eles... Jesus crescia em sabedoria, idade e virtude, diante de Deus e dos homens.” Com essas palavras, nosso guia nos abandona e, daqui por diante, no que diz respeito aos dezoito anos seguintes da vida de Jesus, nossas únicas fontes serão as lendas e conjeturas.
Evidentemente, Jesus seguiu o mesmo ofício que José exercia, e continuou a exercê-lo, durante Sua juventude. Aos sábados ia com seu pai à sinagoga e visitava os doentes e aflitos da comunidade. Entrementes, Ele nunca deixou de ajudar Maria em Suas tarefas caseiras.
Acredita-se que a morte de José tenha sobrevindo durante esse período. As mais antigas lendas divergem em relação ao ano (entre os dezoito e vinte e nove anos de idade de Jesus) mas todas concordam que o fato teve lugar antes do começo da vida pública de Jesus; Santa Ana parece ter morrido mais ou menos ao mesmo tempo. Jesus e Maria ficaram sozinhos. E em breve Ele também deixaria Nazaré para começar Sua vida pública e cumprir Sua missão.

Maria Durante a Vida Pública de Jesus.

Jesus saiu de Nazaré para começar Sua vida pública no começo do ano 28 (provavelmente em janeiro). Nos primeiros dias de março voltou à Galiléia, encontrando-se com Maria em uma festa de casamento na cidade de Caná, a poucos quilometros de Nazaré. O Evangelho não narra o feliz encontro da Mãe e Filho, mas São João nos relata como Maria participou do primeiro milagre de Cristo, o qual teve lugar nessa ocasião. A Seu pedido, Jesus, durante o banquete, transformou seis grandes jarras de água em vinho. As palavras com que Ele respondeu a Seu pedido, soam aos nossos ouvidos como repulsa, mas sua ação desmente esta atitude, e como nos faz notar Santo Agostinho, Cristo não foi a Caná para nos ensinar a desdenhar nossas mães.
Maria foi de Caná a Cafarnaum com Jesus e Seus discípulos. Ali encontrou provavelmente um alojamento para Ele e permaneceu algumas semanas, pondo ordem na casa, antes de voltar a Nazaré. Mais tarde voltou a Cafarnaum com um grupo de parentes que queriam dissuadir Jesus de continuar pregando; naturalmente estamos seguros de que Maria não compartilhou das intenções dos parentes. Talvez, a última vez que Ela O viu em Nazaré foi quando depois de pregar na sinagoga Ele foi atacado e quiseram mesmo lançá-Lo de um precipício nas cercanias da cidade. Diz-se que Maria foi testemunha dessa prefiguração da paixão de Cristo e que rezava cheia de aflição e dor enquanto O observava de uma colina, ao sul de Nazaré.
Ouviremos alguma coisa mais sobre Maria durante a vida pública do Senhor. Jesus escolheu os que haviam de estar em Sua companhia e Ela viveu Sua viuvez sozinha, resignada ao cumprimento de Seu plano.

A Paixão de Jesus

Tiveram Jesus e Maria a alegria de estar reunidos por alguns momentos antes do começo de Sua Paixão? Talvez tenham se encontrado na casa de Lázaro e suas irmãs; ou talvez no cenáculo, a sala da última ceia foi o cenário dessa despedida. Onde quer que Maria tenha estado, Seu intenso amor e excepcional entendimento, fê-la compartilhar mais intensamente que outro mortal, da agonia de Seu Filho. Ela chorou e orou com Ele no Horto do Getsêmani, sofreu os sarcasmos de Herodes e Pilatos; e suportou os mais vis insultos da turba. Finalmente, quando Ele empreendeu o caminho da cruz Ela Se uniu à turba que O seguia ao Gólgota. Quando se encontraram face a face, diz o livro apócrifo dos atos de Pilatos, Maria desmaiou de compaixão.


Maria no Calvário.

Maria esteve retirada e isolada durante o tempo feliz do ministério de Cristo, mas passou ao primeiro plano nas horas cruéis e sombrias de Seu sofrimento. Com outras mulheres que se haviam aventurado a subir na colina da execução, Ela observava heroicamente o terrível drama. Embora cada detalhe a comovesse tremendamente, Ela não se afastou um instante sequer da brutal cerimônia. Viu as santas mulheres aproximarem-se com a mistura de vinho e mirra, destinada a adormecer Seus sentidos, e O viu provavelmente rejeitá-la.
Então, de repente os verdugos removeram Suas vestes e estenderam Seus membros manchados de sangue no tosco madeiro e atravessaram com cravos enormes, aquelas mãos que haviam curado e abençoado durante Sua vida pública. Para concluir, levantaram a cruz, puseram-na em posição vertical e na abertura para isso destinada. Então aquilo que havia sido anunciado, a espada de pesar e dor profetizada por Simão no templo há muitos anos, penetrou mais profundamente no coração de Maria. A isso se juntou mais um motivo de tristeza: os verdugos depois de dividir as vestes de Jesus, jogaram dados para disputar a túnica incosútil, aquela que, segundo a lenda, Maria tecera em Nazaré.
Os que mais odiavam Jesus, começaram a desfilar ante a cruz, mofando de Seu desamparo e desafiando-O a escapar. Uma misteriosa escuridão desceu sobre a Terra, e as vozes dos perseguidores soavam estranhas na penumbra. O horror da crucificação refletia-se na natureza, mas os inimigos de Cristo, cheios de ódio não prestaram atenção.
Gradualmente, a turba foi se dispersando, e os que O amavam, acercaram-se Dele. Em um gesto final de amor, Jesus confiou Maria aos cuidados de João, e A designou Mãe de João e todos os fiéis, em todas as épocas.
Maria permaneceu junto a Jesus até O descerem da cruz. Tomou entre Seus braços o corpo profanado e chorou amargamente, r4ecordando Sua beleza e inocência e o amor que Ele havia mostrado pela humanidade, essa mesma que o crucificara.
Cristo Levado À Tumba.

Nessa mesma tarde começaram os seguidores de Jesus a preparar Sua sepultura. Nicodemo, que havia obtido permissão para receber o corpo de Jesus, voltou a Jerusalém, trazendo consigo uma grande quantidade de aromas para embalsamá-Lo. José de Arimatéia, outro seguidor, trouxe um lençol de linho para envolver o corpo. Ao chegar ao Gólgota, tomaram com delicadeza o corpo dos braços de Maria, e o colocaram na mortalha. Então, provavelmente ajudados por São João, levantaram a preciosa carga e dirigiram-se para a tumba que o rico José mandara preparar para si mesmo e que se encontrava em um jardim, a pouca distância do calvário. Atrás deles vinham chorando as santas mulheres: Maria Magdalena, Salomé, Maria de Cleofas e a Mãe de Jesus.

Maria No Enterro De Jesus.

A tumba de José, recentemente cavada em rocha viva, estava perto. Quando a procissão fúnebre chegou à entrada, os portadores detiveram-se e prepararam-se para embalsamar o corpo. Mas antes deles começarem, Maria abraçou mais uma vez os sagrados restos de Seu Filho morto. Começou então a preparação do corpo para a sepultura. Limparam-no completamente da poeira, suor e sangue e envolveram os membros em largas faixas de pano, derramando profusamente preciosos aromas nas dobras do linho. Finalmente, envolveram o corpo na mortalha e o colocaram na tumba. Uma grande pedra foi assentada na entrada da mesma. Terminada a triste cerimônia, Nossa Senhora e os demais voltaram então à Jerusalém, provavelmente ao cenáculo.

Cristo Aparece A Maria.

O pranto de Maria na morte de Jesus não estava acompanhado da aflição e angústia dos que vêem a morte como uma separação completa e final. Esta tinha uma fé inabalável nas promessas de Cristo, e ao terceiro dia esperou com confiança Sua ressurreição.
Os Evangelhos não mencionam nenhuma aparição de Jesus à Sua mãe no dia da ressurreição. Falam somente das aparições àqueles cuja fé podia Ter diminuído, sem uma prova de Sua divindade. A fé de Nossa Senhora não necessitava esta garantia. Contudo, o sentimento cristão apareceu primeiro à Maria. Presumindo isso, a Igreja diz na antífona da páscoa: “Rainha do céu, rejubila, aleluia!”
Na manhã do terceiro dia as santas mulheres dirigiram-se à tumba, mas Maria não as acompanhou. Talvez na hora em que as outras mulheres iam buscar Jesus no sepulcro, Ele apareceu vivo e glorioso à sua Bendita Mãe. Ela rejubilou-se ao ver Sua Sagrada face reconstituída em Sua beleza original e as feridas da Paixão, transformadas em emblemas de vitória.

Maria Na Ascensão E Pentecostes.

Pouco tempo depois de sua ressurreição, Jesus foi de Jerusalém a Galiléia para encontrar-se com Seus discípulos. Segundo alguns sugerem, Jesus os precedeu para ganhar tempo e oportunidade de estar com Maria. Esse tempo apesar de curto e com certeza rápido no passar, deixou gratas recordações para Maria, recordações essas, que Ela acalentaria pelo reto de Sua vida mortal.
Breve chegou o momento de Jesus reunir-se a Seus discípulos. Não sabemos se Maria O acompanhou e se estava presente ao desjejum na praia (João 21) e à reunião com os discípulos na montanha (Mateus 28.16). talvez não, mas é possível que Nossa Senhora tenha voltado com Ele e Seus seguidores a Jerusalém.
Quarenta dias depois da ressurreição, Jesus entrou no cenáculo e ceou com Seus discípulos e a eles falou de Seu Reino e do batismo do espírito, que dentro em breve receberiam. Depois, os conduziu ao Monte das Oliveiras e daí ascendeu aos céus, desaparecendo de suas visitas. Nessa ocasião, Maria estava sem dúvida presente, para receber o último adeus de Seu filho, ao qual Ela havia dedicado totalmente Sua vida. Quando os discípulos retornaram à cidade, Maria reuniu-se a eles no cenáculo e orou, enquanto esperavam a descida do Espírito Santo que viria, em cumprimento do prometido.
Grande número de pessoas havia se reunido no “quarto superior”; os apóstolos, as santas mulheres e mais 120 parentes de Jesus. Naturalmente, Maria presidia a reunião nesse tempo de espera. Ela estivera mais tempo com Jesus e sabia o que o Mestre desejava deles. Por esse motivo eles procuravam Maria e a consultavam em todas as deliberações, tais como a eleição do sucessor de Judas.
No décimo dia, às nove da manhã, um ruído semelhante a um ensurdecedor vento foi ouvido no quarto e o Espírito Santo veio e morou neles, mostrando sua presença, por meio de línguas de fogo que apareceram sobre suas cabeças. Os artistas cristão representam Maria como figura central da cena, pois Ela é a rainha dos apóstolos.
Alguns sustentam que Maria recebeu também os dons especiais do Espírito Santo, tais como o Dom das línguas, mas dizem que não os usou em atividade missionária, mas sim, ensinando e aconselhando os peregrinos de todas as nações do mundo.

MORTE E ASSUNÇÃO DE MARIA

A escritura não nos fala sobre a vida de Maria depois de pentecostes, mas as lendas são numerosas. Diz-se que mesmo são Pedro a consultou sobre pontos de doutrina, e que o credo dos apóstolos foi escrito sob Sua inspiração. É quase certo que São Lucas recorreu a Ela para obter a informação que usou em seu Evangelho sobre a Sagrada Família. Os padres da Igreja oriental ensinam que Maria instruiu também Seu sobrinho Tiago, que se tornou bispo de Jerusalém. Dionísio recebeu de Maria a missão de pregar aos gauleses e Santo Inácio de Antióquia, um discípulo de São João Evangelista, foi um ardente defensor da doutrina da Divina Maternidade.
A crença mais comum é que Maria viveu com São João em Jerusalém e que morreu pouco tempo antes de Sua saída para a missão em Éfeso, possivelmente no ano 48 ou 49, o que nos faz pensar que Maria tinha 70 anos quando faleceu. Desconhecemos o mês e o dia; contudo, no século sexto um decreto de Maurício, imperador oriental, consagrou o dia 15 de agosto à memória da morte e assunção de Maria.
A crença tradicional é que Maria morreu sem experimentar dor e foi levada ao céu em corpo e alma, sem sofrer corrupção alguma. A assunção de Maria, sustentada pela tradição, teologia, liturgia e Escritura, foi definida como dogma pelo Papa Pio XII em 1950... “Definimos seu dogma Divinamente revelado: Que a Imaculada mãe de Jesus, cumpriu o curso de Sua vida terrestre, ascendendo em corpo e alma à Glória Celestial.”

CORAÇÃO DE MARIA

A arte através dos séculos tem representado com felicidade o encontro de Maria e Jesus no céu, onde Ela recebe o prêmio de Sua vida de ansiedade e abnegação. Desde Sua coroação como Rainha do céu, Maria tem lugar de honra ao lado de Seu filho e os santos e anjos e rodeiam, para prestar-Lhe homenagens. Agora Ela é nossa mãe e mediadora de todas as graças, pois nos recebe debaixo de Sua tutela, das mãos de Seu filho agonizante na cruz. Do Seu trono, intercede por nós e por intermédio de Suas mãos nos são dispensadas todas as graças.

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