Adicção, A.A., N.A., Doze Passos, Reflexões, Literatura, Clínica, Comunidade, Espiritualidade

TEMAS SOBRE ALCOÓLICOS E NARCOTICOS ANONIMOS, DOZE PASSOS, REFLEXOES, CLINICAS, COMUNIDADES, ESPIRITUALIDADE. ESPERO COM ESSAS MATERIAS, ESTAR COLABORANDO COM ALGUEM, EM ALGUM LUGAR, EM ALGUM MOMENTO DE SUA VIDA !

domingo, 25 de novembro de 2007

nunca desista dos seus sonhos

NUNCA DESISTA DE SEUS SONHOS.

Um pouco da vida e dos sonhos de: Jesus, Abraham Lincoln e Martin Luther King.

Se os seus sonhos são pequenos, sua visão será pequena, suas metas serão limitadas, seus alvos serão diminutos, sua estrada será estreita, sua capacidade de suportar as tormentas será frágil.
Shakespeare disse que “quando se avistam nuvens, os sábios vestem seus mantos”. Sim! A vida tem inevitáveis tempestades. Quando elas sobrevêm, os sábios preparam seus mantos invisíveis: protegem sua emoção usando sua inteligência como pareces e os seus sonhos como teto.
Uma mente saudável deveria ser uma usina de sonhos. Pois os sonhos oxigenam a inteligência e irrigam a vida de prazer e sentido. Todos criamos monstros imaginários que estão armazenados no subconsciente e dilaceram nossos sonhos. A maneira como enfrentamos as rejeições, decepções, perdas, sentimentos de culpa, conflitos nos relacionamentos, críticas e crises profissionais, pode gerar maturidade, coragem, serenidade, auto confiança ou então, traumas, conflitos interiores, desânimo. Tudo depende do que nosso consciente grava no subconsciente. Ghandi comentou: “O que pensais, passais a ser”. Podemos criar um teatro em nossas mentes que vão aos extremos: o drama e a sátira, o pânico e o sorriso, a força e a fragilidade. Quem é escravo dos seus pensamentos não é livre para sonhar. Somos complicados e sofremos desnecessariamente, uns mais outros menos. Somos tão criativos que, quando não temos problemas, nós os inventamos. Todas as pessoas muito racionais amam menos e sonham pouco. Os sensíveis sofrem mais, mas amam mais e sonham mais. Parafraseando Thomas Edison, creio que as grandes conquistas mundiais nascem a partir de 50% de inspiração humana, criatividade e sonhos, e 50% de disciplina, trabalho árduo e determinação. Uma depende da outra, caso contrario nossos projetos tornam-se miragens, nossas metas não se concretizam.
A maior genialidade é construída nos vales dos medos, no deserto das dificuldades, nos invernos da existência, no mercado dos desafios. Os grandes inventores e sonhadores atravessaram turbulências, suportaram pressões, viveram dias ansiosos, sentiam-se pequenos diante dos obstáculos, foram chamados de loucos, zombaram de alguns, outros foram discriminados. Por que não desistiram? Quais foram seus segredos?
Eles fizeram da vida uma aventura. Passaram pelo menos 10% de seu tempo criando, inventando, descobrindo. Fizeram escolhas, tacaram metas e as executaram com paciência. Para o filósofo Kant “A paciência é amarga, mas seus frutos são doces”. Para Plutarco, “A paciência tem mais poder do que a força”. Meça um ser humano pela grandeza de seus sonhos e pela paciência em executá-los. A paciência precisa da coragem para correr riscos. Os maiores riscos para quem sonha são as pedras do caminho. Tropeçamos nas pequenas pedras e não nas grandes montanhas. Epícuro acreditava que “Os grandes navegadores deviam sua reputação aos temporais e às tempestades”. Se você tiver medo não tem resistência emocional. Cedo recua. Vamos fazer uma análise da mente de alguns personagens, disseca alguns princípios fundamentais que alicerçaram a inteligência dos grandes sonhadores.
Todos deveríamos em algum momento da existência questionar nossas vidas e analisar pelo que estamos lutando. Quem não consegue fazer questionamento será servo do sistema, viverá para trabalhar, cumprir obrigações profissionais e apenas sobreviver. Por fim, sucumbirá no vazio.

JESUS.

O maior vendedor de sonhos de todos os tempos foi indubitavelmente Jesus. Seus discípulos escolhidos, não sabiam onde dormiriam e nem o que comeriam, só sabiam que o vendedor de sonhos indicava que queria mudar o pensamento do mundo. Não sabiam como ele realizaria seu projeto, mas não queriam ficar longe desse sonho. Porém quem foi mais audacioso: os discípulos ao seguir Jesus ou Jesus ao escolhê-los? Vejamos uma síntese das características de personalidade de alguns discípulos.
Mateus tinha péssima reputação. Era publicano, coletor de impostos. Na época, os coletores eram famosos pela corrupção. Os judeus os odiavam porque eles estavam a serviço do império romano, que os explorava. Mateus era uma pessoa sociável, gostava de festas e provavelmente usava dinheiro público para promovê-las.
Tomé tinha a paranóia da insegurança. Só conseguia acreditar naquilo que tocava. Era rápido para pensar e rápido para desacreditar. Andava segundo a lógica, faltava-lhe sensibilidade e imaginação. O mundo tinha que girar em torno das suas verdades, impressões e crenças. Desconfiava de tudo e de todos.
Pedro era o mais forte, determinado e sincero do grupo. Porém, era inculto, iletrado, intolerante, irritado, agressivo, impaciente, indisciplinado, não suportava ser contrariado. Não era empreendedor, e, como muitos jovens, não planejava o futuro, vivia somente em função dos prazeres do presente.
João era o mais jovem, amável, prestativo e altruísta. Porém, também era ambicioso, irritado, intolerante, intempestivo. Não sabia proteger sua emoção nem filtrar os estímulos de êxtase. A personalidade de João tinha paradoxos. Era simples e explosiva, amável e flutuante. Jesus chamou a ele e a seu irmão Tiago de boanerges, que quer dizer “filhos do trovão”. Quando confrontados, reagiam agressivamente.
Judas Iscariotes era moderado, dosado, discreto, equilibrado e sensato. Era o tesoureiro do grupo. Mostrava preocupação com as causas sociais. Agia silenciosamente. Apesar de seus atributos, aprisionou-se no calabouço dos seus conflitos. Antes de trair Jesus, traiu a si mesmo. Isolou-se, tornou-se autopunitivo. A escolha de Jesus não foi baseada no que aqueles jovens possuíam, mas no que eles eram. A autoconfiança e a ousadia de Jesus não têm precedentes. Ele preferiu começar do zero, trabalhar com jovens e desqualificados a trabalhar com os fariseus saturados de vícios e preconceitos. Preferiu a pedra bruta à mal lapidada.
A vida sem sonhos é como um céu sem estrelas. Cada um tem seu sonho na vida.
Jesus vendia o sonho de um reino justo. “Arrependei-vos porque está próximo o reino dos céus”. A palavra “arrepender” usada por Jesus explorava uma importante função da inteligência. Ela não significava culpa, autopunição ou lamentação. No grego ela significa uma mudança de rota, revisão de vida. Os que são incapazes de se repensar serão sempre vitimas e não autores de sua historia. Jesus discursava sobre um reino que estava além dos limites tempo-espaço. Onde habitava a justiça, não havia classes sociais, não havia discriminações, angústia, aflições e só haveria paz. Não era esse um grandioso sonho?
Vendia o sonho da liberdade. Tibério César, o imperador romano dominava o mundo com mão de ferro; pesados tributos; havia fome e quem questionasse, morria ou via todo seu povo ser massacrado. Jesus falava sobre a falta de liberdade interior, que é mais grave e sutil que a exterior. Jesus discorria sobre a liberdade de escolha, de construir caminhos, de seguir a própria consciência, a administração da emoção, gerenciamento dos pensamentos, exercício da humildade, capacidade de perdoar, sabedoria, expor e não impor as idéias, a experiência plena do amor pelo ser humano e por Deus. Jesus vivia o que discursava.
Vendia o sonho da eternidade. A medicina luta desesperadamente para prolongar a vida e dar qualidade a ela. As religiões têm a mesma aspiração. Elas discorrem sobre o alivio da dor e a superação da morte. Sem duvida a continuidade consciente e livre da existência é o maior de todos os sonhos. Jesus discursava com segurança inigualável sobre a superação da morte; o ser humano sobreviveria e resgataria sua identidade. Pois abraçariam seus filhos depois que fechassem os olhos; amigos se reencontrariam. Nunca ninguém foi tão longe em seus sonhos. Seus discursos arrebatavam multidões.
Vendia o sonho da felicidade inesgotável. Devemos ter consciência de que os problemas nunca vão desaparecer. Mas os problemas existem para serem resolvidos e não para nos controlar. O melhor é extrair lições deles. Caso contrario, o sofrimento é inútil. Ser feliz do ponto de vista da psicologia, não é ter uma vida perfeita, mas saber extrair sabedoria dos erros, alegria das dores, força das decepções, coragem dos fracassos. Ser feliz neste sentido é o requisito básico para a saúde física, mental e intelectual. Jesus estava numa grande festa. O clima, entretanto, era de terror. Ele corria o risco de ser preso e morto. Quando seus discípulos esperavam que ele sumisse do lugar, ficaram perplexos: ele se levantou e gritando disse: “quem tem sede venha a mim e beba...”. Bradou a todos que tivessem sede emocional que bebessem da sua felicidade, quem fosse ansioso bebesse da sua paz. Nunca alguém foi tão feliz na terra de infelizes.
A morte o rondava, mas ele homenageava a vida. O medo o cercava, mas ele bebia da fonte da tranqüilidade.
Trabalhando na personalidade até o último instante.
Deletar a memória é uma tarefa fácil nos computadores. No homem ela é impossível. Tudo está arquivado. A única possibilidade é sobrepor novas experiências no lugar das antigas – o que é chamado reedição – ou então construir janelas paralelas que se abrem simultaneamente às doentias.
Se você tiver uma janela paralela que contém segurança, ousadia, determinação e que se abre simultaneamente às janelas do medo, do pânico, da ansiedade, você terá subsídios para superar a crise. Se não possui essa janela, terá grande chance de se tornar uma vítima. O “eu” deve sair da platéia, entrar no palco da mente no momento da negatividade, desafiá-la, gerenciar os pensamentos, criticar a postura submissa da emoção e se tornar diretor do roteiro de sua vida. Esse pe um processo de treinamento. Quem o realiza reedita seu inconsciente e constrói janelas paralelas. Mudar a personalidade é muito difícil, pois ela é tecida por ilhares de arquivos complexos e contém bilhões de informações e experiências.
Os discípulos tinham milhares ou talvez milhões de janelas doentias. Eles frustraram Jesus continuamente durante mais de três anos. Jesus os treinava pacientemente. Cada parábola, cada gesto diante dos marginalizados que o procuravam e cada atitude perante uma situação de perseguição eram laboratórios onde se realizava esse treinamento. Seus laboratórios eram uma universidade viva. Seu objetivo era expor espontaneamente as mazelas do inconsciente. As fragilidades apareciam, as ambições afloravam, a arrogância vinha à tona, a insensatez surgia. Seus laboratórios aceleravam o processo de tratamento psiquiátrico e psicoterapêutico.
Todos os seus comportamentos tinham um alvo imperceptível aos olhos. Quando era gentil com uma prostituta, ele tratava o preconceito dos discípulos. Quando era ousado em situações de risco, ele tratava a insegurança deles.

Reconstruindo o ser humano.

A última ceia é mundialmente famosa, mas pouquíssima conhecida sob o ângulo cientifico.
Como estava para morrer, ele teria que ensinar rapidamente as mais belas lições de inteligência, como a arte da solidariedade, a capacidade de se colocar no lugar do outro, o respeito pela vida. Teoricamente precisaria de anos para realizar essa tarefa pedagógica.
Então, sem dizer qualquer palavra, Jesus pegou uma bacia de água e uma toalha e começou a lavar os pés daqueles discípulos que lhe deram tanta dor de cabeça. É simplesmente inacreditável sua atitude. Jesus estava no auge da fama. Multidões queiram vê-lo. Os discípulos o colocavam acima do imperador Tibério César. Os discípulos ficaram paralisados, chocados, estarrecidos, com um nó na garganta e se entreolhavam. Não sabiam o que dizer.
Enquanto as gotas de água escorriam por seus pés, Jesus conquistava o inconquistável: penetrava nos solos inconscientes, reescrevendo as janelas das intolerâncias, da disputa predatória, da inveja, do ciúme, da vaidade.
Foram dez ou vinte minutos que causaram mais efeito do que décadas de bancos escolares ou anos de psicoterapia.
Nunca alguém tão grande se fez tão pequeno para tornar grandes os pequenos. Se as religiões e a ciência descobrissem a grandeza da sua inteligência, as sociedades nunca mais seriam as mesmas.

Apostando tudo que tinha nos que O frustravam.

Após a última ceia, os discípulos decepcionaram Jesus ao máximo. Ele estava para ser preso. Pela primeira vez pediu algo a eles. Solicitou que estivessem com ele naquele momento angustiante. Mas os discípulos, estressados por vê-lo suando sangue e sofrendo, dormiram. Judas chegou com a escolta. Traiu Jesus com um beijo. O espantoso é que a análise psicológica revela que Jesus não tinha medo de ser traído por Judas; tinha medo de perdê-lo como amigo. Pedro negou-se três vezes e Jesus vira-se para ele e diz: “Eu o compreendo!”.

Falta compreensão na espécie humana e sobra punição.

Apesar dos inúmeros defeitos dos discípulos, duas qualidades os coroavam. Eles tinham disposição para explorar o novo e sede de aprender. Bastava isso a Jesus. Confiava nas sementes que plantara. Por fim, seus discípulos se tornaram uma equipe excelente de pensadores. Analise as cartas de Pedro no Novo testamento. Elas são um tratado de psicologia social. A historia de Jesus é um exemplo magnífico que demonstra que as pessoas que mais nos dão dor de cabeça hoje poderão ser as que mais nos darão alegrias no futuro. Então, o que fazer? : Invista nelas! Não seja uma manual de criticas e regras! Surpreenda-as! Cative-as! Ensine-as a pensar! Compreenda-as! Plante sementes!

Vendendo Sonhos até a última gota de sangue.

Na primeira hora da crucificação, ele abriu as janelas da inteligência e bradou: “Pai, perdoa-os, pois eles não sabem o que fazem”. Um dos ladrões ao seu lado ouviu a frase e ficou assombrado. A dor lhe cortara o raciocínio, seus olhos estavam turvos, seus pulmões ofegantes. Mas ao ouvir o brado de Jesus, seus olhos se abriram. Virou o rosto e por trás do corpo magro, sangrado, mutilado de Jesus, viu uma pessoa encantadora. Pouco depois, ainda que sem forças, o criminoso pediu-lhe: “Quando estiveres no teu reino, lembra-te de mim”.
Que homem é esse que mesmo dilacerado era capaz de inspirar um miserável a sonhar?
Os que estavam aos pés da cruz ficaram fascinados. Reações fascinantes como essa do ladrão ocorreram com todos durante as seis longas horas da crucificação.
Quando Jesus deu o último suspiro, o chefe da guarda romana, encarregado de cumprir a sentença condenatória de Pilatos, disse: “verdadeiramente este era o filho de Deus”. Enxergou além dos parênteses do tempo. Viu a sabedoria ser transmitida por um mutilado na cruz.
Jesus nunca pressionou ninguém para segui-lo, apenas convidava. Sua pequena comitiva se constituía de um grupo de doze jovens de personalidade difícil. Mas hoje, para nossa surpresa, bilhões de pessoas de todas as religiões, de todas culturas, de todos níveis intelectuais o seguem.
Seguem alguém que não conheceram. Seguem alguém que nunca viram. Seguem alguém que lhes inspirou emoção e encheu suas vidas de sonhos.

ABRAHAM LINCOLN.

Nada melhor para fracassar na vida do que reclamar muito. Não sobra energia para criar oportunidades.
Um ser humano pode ser rico mesmo sem ter dinheiro se tem ao seu lado pessoas que o ama; mas pode ser miserável ainda que milionário se a solidão é sua companheira.
AL viajava muito, transportava-se para lugares longínquos e de difíceis acessos. Mas como viajava, se não tinha dinheiro? Viajava pelo mundo dos livros.
O mundo dos livros dá asas à inteligência. Quem os descobre voa mais longe. Não tinha dinheiro para comprá-los, pedia emprestado aos vizinhos. Não tinha medo de ouvir um não. Tinha medo de não aprender.
Certa vez teve um belo projeto: “Vou montar um negócio...”. Sonhava em ganhar dinheiro, ter prestígio social e conquistar uma vida tranqüila. Resultado do negócio? Falência.
Alguns, ante o fracasso, bloqueiam a inteligência. Eles registram o fracasso intensamente no subconsciente através do registro automático da memória (RAM). O fracasso é lido continuamente, gerando reações emocionais dolorosas e idéias negativas que obstruem a liberdade de pensar, de fazer novos planos, de acreditar no próprio potencial.
AL viveu-a e ficou abalado, mas não se submeteu ao controle dela.
Ele levantou a cabeça e voltou a sonhar. Saltou do mundo dos negócios para o mundo da política. Candidatou-se a um cargo com grandes inspirações. Resultado das urnas? Derrota.
A razão tenta se preparar para as derrotas, mas a emoção nunca se submete a elas. O “eu” dele, estava abatido. Olhar os vencedores do pleito detonava um fenômeno inconsciente que atua em milésimos de segundo, chamado gatilho de memória ou fenômeno da autochecagem. A conseqüência? Ansiedade, angústia, nó na garganta, boca seca, taquicardia. Seu cérebro parecia querer avisá-lo do perigo que corria e precisava fugir. Fugir do que? Não se deixou vencer, AL voltou-se novamente a sonhar com os negócios.
A emoção é bela e crédula, bastam alguns respingos de esperança para que o humor se restabeleça e a garra retorne. Nunca devemos retirar a esperança de um ser humano, mesmo de um paciente portador de câncer em fase terminal ou de um paciente dependente químico por décadas. A esperança é o fôlego da vida. Então depois de despender energia para organizar sua pequena empresa e trabalhar muito, veio o resultado. Faliu novamente.
Ficou profundamente abatido. Seu “eu” não governava seus pensamentos. Pensava muito e sem qualidade.
O excesso de pensamentos é o grande carrasco da qualidade de vida do ser humano. Ele conspira contra a tranqüilidade, rouba energia do córtex cerebral, gera fadiga. Cuidado! Quem pensa muito se atormenta demais. O fenômeno “ram” registrou sua segunda falência de maneira privilegiada. AL não escondeu suas feridas e procurou superá-las resgatando sua vocação política. Candidatou-se novamente. Depois de muita labuta veio enfim a bonança. Foi eleito deputado.
Mas a alegria de AL logo se dissipou no calor das suas perdas. Sua noiva morreu. Sua mãe havia morrido cedo e agora a mulher que amava. A perda roubou-lhe não apenas a alegria, mas produziu algumas janelas killers cravadas no inconsciente gerando conflitos que bloqueiam o prazer e a inteligência. AL teve uma crise depressiva, porém, escolheu construir-se e não se colocar como vitima. Resgatou a liderença do “eu”. Nossos cárceres estão alojados na psique. Se formos livres por dentro, nada nos aprisionará por fora.
AL construía uma fornalha intima no seu universo emocional. Exercitava seu “eu” diariamente para ser líder. Tornou-se um artesão de sua emoção, um amigo da vida e um amigo de Deus. Voltou o encanto pela existência. Candidatou-se a deputado federal. Sorriu, andou, discursou problemas sociais, preparou-se para uma grande vitória. Resultado? Foi derrotado.
A sociedade é rápida para bajular os que estão no pódio e lenta para apoiar os derrotados.
Cuidado! Se você depender muito dos outros para executar seus sonhos, corre o risco de ser um frustrado na vida. Alguns anos mais tarde o sonho político renasceu. Candidatou-se novamente e perdeu de novo. Os mais próximos falavam: “pare de sofrer! Faça outra coisa!”. Mas quem controla o sonho de um idealista? Um bom profissional se prepara para os sucessos, um excelente se prepara para o fracasso. Ninguém acreditava, mas AL decidiu enfrentar mais uma campanha para o progresso. Perdeu mais uma vez.
Se muitos perdem noites de sono por um olhar atravessado, uma injustiça, uma cesura, imagine como estava o território da emoção desse sonhador. Para muitos sua coragem era ilógica, para ele era o combustível que mantinha acesa a chama dos seus sonhos. Candidatou-se para o senado. AL tinha uma ambição legitima. Ele queria o sucesso para ajudar o ser humano. Queria fazer justiça para os que viviam no vale das misérias físicas e emocionais. Sonhava com o dia em que todos fossem tratados com dignidade na sua sociedade. Perdeu outra vez.
As pessoas concordavam que ele deveria se conformar com seus fracassos. O conformismo, em psicologia, chama-se psicoadaptação. No aspecto negativo, perdemos o prazer, consumimos cada vez mais coisas, mas obtemos cada vez menos prazer. No aspecto positivo, a psicoadaptação gera uma revolução criativa. Nos estimula a procurar o novo, amar o desconhecido. A armadilha da psicoadaptação é perdermos a capacidade de reagir às violências sociais, aos ataques terroristas, à competição no trabalho, às brigas conjugais, aos fracassos profissionais, à depressão, pânico, ansiedade. AL tinha tudo para se psicoadaptar aos seus fracassos. Ele vivia o conteúdo de uma frase que todos os grandes vencedores vivenciam: “Os perdedores vêem somente a tempestade, os vencedores vêem por trás das densas nuvens os raios de sol”.
Quando lhe pediram silêncio, de repente ele gritou mais alto. Sonhou ser vice-presidente do seu país. Tinha ele algumas das cinco características dos grandes gênios: 1) Era persistente na busca de seus interesses; 2) Animava-se diante dos desafios; 3) Tinha facilidade para propor idéias; 4) Tinha enorme capacidade de influenciar pessoas; 5) Não dependia do retorno dos outros para seguir seu caminho.
Através de seu magnetismo, AL entrou nessa campanha. Propôs seu nome na convenção. No dia da votação sua ansiedade aumentou. Resultado? Flagrante derrota.
A verdade crua a respeito daquele homem era que ele se tornara um dos maiores colecionadores de fracasso da história. Raramente alguém tentara tanto e raramente alguém perdera tanto. Para surpresa de todos, o derrotado arrancou calafrios dos seus colegas ao manifestar o desejo de candidatar-se novamente para o senado. Individualismo é uma característica doentia da personalidade e baseada no desejo de atender em primeiro, segundo e terceiro lugar seus próprios interesses. Individualidade é ancorada na segurança, na determinação, na capacidade de escolha. AL desenvolveu uma individualidade madura. Para AL, cada disputa era um momento mágico. Estar na disputa era mais importante que o pódio. Foi novamente derrotado. Embora a sociedade o considerasse um fracassado, do ponto de vista psicológico nosso sonhador foi um grande vencedor, ainda que não tivesse vencido nenhuma eleição. Diferente da maioria das pessoas, ele lutou pelos seus sonhos até a última gota de energia. AL foi vitorioso.
Não devemos jamais fundamentar nossos sonhos, nossa felicidade, pela cabeça dos outros. Os piadistas o usavam como personagem principal das suas ironias. Diante do tumulto social, ele entrou no único lugar protegido do mundo: dentro de seu próprio ser. Lá se calou e fez a oração dos sábios: o silêncio. Quando todos o julgavam ter sepultado seus sonhos ele reapareceu, fitou nos olhos dos antigos parceiros e disse: “Quero me candidatar a presidente”. Todos ficaram perplexos, paralisados. A platéia ficou muda. Ao vencer os seus temores, deixou aos outros temerosos. A reação de AL fez com que o medo da derrota se dissipasse de sua psique e passasse a ser um problema dos outros. O medo se torna nutriente da coragem. Candidatar-se à presidência da república ao olhar dos outros, parecia uma loucura, e não um sonho. Podem as diminutas gotas de orvalho almejar a força das chuvas de verão? Perguntavam-se. Seu desejo de se candidatar foi materializado. Visitou pessoas, deu palestras, reuniões, falou ao coração psíquico das pessoas. Terminada a eleição, começou a apuração. AL estava ansioso, coração acelerado, pulmões ofegantes, pressão alta, suava muito. Seu cérebro o preparava para fugir. Fugir do que? Do monstro da derrota. Como fugir se ele estava registrado na colcha de retalhos da sua memória? Para muitos, ele estava prestes mais uma vez a acrescentar um fracasso ao seu extenso currículo. Finalmente chegou o resultado: Eleito o 16º presidente dos EUA.
AL não foi apenas eleito como se tornou um dos políticos mais importantes da história moderna. Foi o presidente que emancipou os escravos do seu país, foi um dos grandes poetas da democracia moderna e dos direitos humanos. “O homem que se vinga quando vence não é digno da sua vitória”. AL venceu, mas não se vingou dos que a ele se opunham.
Em 1.842 AL se casou com Mary Todd, uma mulher inteligente, ambiciosa e de princípios sólidos.
Em 14 de abril de 1.865, Lincoln estava no teatro Ford, em Washington, no inicio de seu segundo mandato. Um ex-ator, que era escravista radical, caminhou até o presidente e deu-lhe um tiro na nuca. No outro dia ele morreria pela manhã antes do orvalho da primavera se despedir ao calor do sol.
Morreu um sonhador, mas não seus sonhos. Seus sonhos se tornaram sementes nos solos de milhões de negros e brancos que o amavam, influenciando todo o mundo ocidental. Al fez a diferença no mundo. Nunca desistiu de seus sonhos porque viveu um dos diamantes da psicologia: o destino não está programado nem é inevitável. O destino é uma questão de escolha.

MARTIN LUTHER KING.

O Sonho de um pacifista que enfrentou o mundo.

MLK ia além da fina camada da cor da sua pele negra e não entendia porque os brancos se diferenciavam dos negros. Pode a embalagem reivindicar o direito de ser mais importante que o conteúdo? A desigualdade de raças era terrível, os negros eram segregados a uma vida sem qualquer expectativa. O simples olhar um branco, já era motivo para severa punição.
Ao repousar sua cabeça no travesseiro MLK viajava no mundo de suas idéias e questionava sobre tanta humilhação. Essas cargas emocionais eram registradas pelo “ram” no seu consciente e subconsciente. Quando por algum estimulo interior ele lia uma dessas janelas, pensamentos negativos e emoções tensas invadiam o teatro da sua mente. Aos doze anos MLK perdeu sua avó. Sua crise foi tão grave que tentou o suicídio.
Resolveu fazer faculdade de teologia. Penetrou no sonho de Deus que a ninguém distinguia. Foi contagiado pelo sonho dos direitos humanos, do respeito pela vida. Conheceu a história e se influenciou pela humanidade de Jesus. Os sonhos de Jesus colocaram combustível nos sonhos de MLK, ampliando sua arte de pensar e sua determinação. Recebeu o diploma de teologia e imediatamente iniciou o curso de filosofia. Entrou em contato com as idéias de Hegel. Aprendeu a não calar a sua voz. Queria ser livre para pensar, pois acreditava que só uma mente livre é capaz de gerar pessoas livres. Por desejar servir os outros, MLK se colocava no lugar deles e percebia suas necessidades intrínsecas, das quais a maior era manter acesa a chama da esperança. Queria alimentar a alma e o espírito das pessoas fazendo-as acreditar na vida. Ele não se psicoadaptou ao conformismo. Todas essas crenças fizeram que o jovem sonhador aprendesse uma das mais profundas lições da psicologia: gerenciou seus pensamentos, transformou sua raiva em capacidade de lutar, sua indignação em ideais, seu sofrimento em sonhos. Tornou-se o ator principal do teatro da sua mente. Tornou-se um pensador.
Recebeu o diploma de doutor em filosofia. Sonhava mostrar aos desprezados que eles não deveriam se envergonhar de si mesmos, que nada é mais digno que um ser humano. Participou intensamente do movimento em prol dos direitos civis, passeatas, discursos. Sofreu um ataque à bomba, mas escapou. Ou ele enfrentava e dominava as janelas fóbicas ou seria submisso a elas. Quando o medo está presente no anfiteatro da emoção, não há dois vencedores. Ou dominamos o medo ou o medo nos domina. O medo enterrou milhões de sonhos ao longo da história. A vida é um jogo. Podemos perder em muitos momentos, mas não podemos admitir ficar no banco de reserva. Assim, mesmo tombado, levantou-se. Reagiu como Beethoven, o gênio da música. Vamos conhecer um pouco da história desse compositor.

Beethoven, um dos gênios da música, perdeu a audição depois de ter feito belas composições. Deixar de ouvir e compor músicas era tirar o chão de Beethoven. Cogitou assim, o suicídio. Quando todos pensavam que seus sonhos tinham sido sepultados pelo inquietante silêncio da surdez, surgiram sorrateiramente os mais espetaculares sonhos no árido solo da sua emoção. Lutou contra a surdez e fez o que parecia impossível: produzir músicas, apesar de não ouvi-las.
A teoria da inteligência multifocal revela que as vibrações do solo produziam ecos na sua memória, abriam inúmeras janelas onde se encontravam antigas composições, que, por sua vez, eram reorganizadas, libertando sua criatividade e o fazendo compor novas e encantadoras músicas. Os sonhos venceram. O mundo ganhou.

John Kennedy disse: “O conformismo é o carcereiro da liberdade, o inimigo do crescimento”. MLK tornou-se um líder fazendo em seus discursos, as pessoas crerem e sonharem com a igualdade social. Em 1.456, a segregação do ônibus foi abolida. Mais tarde os sonhos de MLK e as pressões por ele exercidas, conseguiram liberar aos negros o acesso aos lugares públicos. Dirigiu uma marcha de 250 mil pessoas que resultou na lei dos direitos civis e a lei dos direitos de voto. Lançando seu livro, a caminho da liberdade, na sessão de autógrafos foi esfaqueado por uma nega débil mental, sobreviveu. Voltou à sua luta, a conquistar mais vitórias, e também alguns insucessos. Foi preso por duas vezes. Seus sonhos não foram abatidos; saiu da prisão mais forte. Participou mais uma vez de grandes jornadas pela liberdade. Foi preso novamente. Na prisão escreveu a “carta de uma prisão em Birmingham”. Uma carta aberta aos sacerdotes e a todos que amam a Deus pedindo apoio à sua causa. “Na essência somos iguais, nas diferenças nos respeitamos”. Sua desesperadora luta pelos direitos humanos, contagiava a todos e conquistava outras nações. Recebeu o prêmio Nobel da paz. Em três de abril de 1.968 fez um dos discursos mais inflamados e empolgantes. As pessoas o abraçavam e choravam. Abraham Lincoln havia sido assassinado por um radical, quase um século antes. Agora chegara a vez de MLK, um atirador branco o assassinou em Menphis, no dia 14 de abril de 1.968. Morreu pelos seus sonhos. Mas seus sonhos até hoje inspiram milhões de pessoas a lutarem pela igualdade e liberdade.




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