Em Narcóticos Anônimos segue-se um programa adaptado de Alcoólicos Anônimos. Apenas Narcóticos Anônimos amplia a perspectiva. Seguem um o mesmo caminho, com uma única exceção: nossa identificação como adictos inclui toda e qualquer substância que modifique o humor.
Quem é Um Adicto?
A maioria de nós não precisa pensar duas vezes sobre esta pergunta. Nós sabemos! Toda a nossa vida e nossos pensamentos estavam centrados em drogas, de uma forma ou de outra obtendo, usando e encontrando maneiras e meios de conseguir mais. vivíamos para usar e usávamos para viver. Um adicto é simplesmente um homem ou uma mulher cuja vida é controlada pelas drogas. Estamos nas garras de uma doença progressiva, que termina sempre da mesma maneira: prisões, instituições e morte. Aqueles de nós que encontraram o programa de Narcóticos Anônimos toma consciência de que a adicção é uma doença que envolve mais que o uso de drogas. Talvez a doença já estivesse presente, antes mesmo do uso pela primeira vez. A maioria negava a doença. Focava o parar de usar, não o uso. É uma doença que se manifesta de maneiras anti-sociais, e que torna difícil a detecção, o diagnóstico e o tratamento. Nos isolávamos, a não ser quando usávamos ou ainda: hostis, ressentidos, egocêntricos e egoístas. Apesar de usar e abusar nossas desculpas e racionalizações eram boas, mas as coisas que fazíamos, refletiam nosso desespero. Para continuar a usar, manipulávamos as pessoas, mentimos, roubamos, trapaceamos e nos vendíamos. O fracasso e o medo nos invadia. Usávamos tentando encontrar uma fórmula mágica para resolver nossos problemas. Mas, sem perceber que eram nós mesmos. Nos sentíamos mal, as drogas haviam deixado de fazer nos sentirmos bem. Sentíamos orgulho do comportamento, às vezes ilegal e sempre bizarros. Mas esquecíamos nosso isolamento, medo e auto-piedade. Evitávamos a realidade da adicção. Ficamos incapazes de amar, nosso viver baixou a um nível animal, o espírito em pedaços, nem nos sentíamos humanos. Não conseguíamos mais lidar com o dia-a-dia e muitos se viram entrando e saindo de instituições. Existia uma coisa errada conosco; queríamos uma saída fácil. Pensávamos em suicídio, muitas vezes até tentamos, sem conseguir e nos sentíamos então, mais inúteis. Estávamos presos à ilusão do “e se”, “se apenas” e “só mais uma vez”. Procurávamos ajuda para aplacar nossa dor, uma vez recuperados fisicamente voltávamos ao uso. Não temos controle sobre o uso, a droga nos subjuga. Porém, pode ser detida, apesar de incurável. Precisamos aceitar que, somos alérgicos a drogas, com honestidade e sem reservas. A medicina não pode curar nossa doença. O que nos faz adictos, não é a quantidade que usamos, mas, sim, nossa reação. Certas coisas foram acontecendo enquanto usávamos: esquecemos como eram as coisas antes do uso, dos comportamentos sociais, como se trabalha, se brinca, expressar e demonstrar interesse pelos outros. Esquecemos como sentir. Vivíamos em outro mundo quando usávamos. Experimentávamos curtos períodos de realidade e de autoconsciência. Finalmente éramos duas pessoas, e não uma – o médico e o monstro. Por fim o médico morreu e o monstro assumiu. Talvez tenhamos tentado moderar, substituir ou, até mesmo, parar de usar, mas passamos de uma fase inicial de sucesso e bem-estar emocional para uma completa falência espiritual, mental e física. Alguns de nós podem passar o resto da vida numa prisão, morrer devido ao ambiente que cerca as “boquetas”, num assalto para conseguir a droga, inúmeras são as situações de morte, não decorrentes do uso e sim do ambiente e pessoas que a cercam. Chegamos ao fundo-do-poço (ou seria fundo da fossa – no fundo-do-poço ainda podemos encontrar água limpa). Ficou difícil negar nossa adicção quando os problemas saltavam aos nossos olhos. Nos motivamos então, a procurar ajuda no último estágio. Lamentávamos o passado, temíamos o futuro e não tínhamos entusiasmo pelo presente. A adicção nos escravizava. Éramos prisioneiros da nossa própria mente e condenados pela nossa própria culpa. A adicção é uma doença crônica, progressiva e fatal. No entanto, é tratável e estacionária. Ótimo então, o que nos interessa é a recuperação. Começamos nosso tratamento, parando de usar. As pessoas em Narcóticos Anônimos disseram-nos que eram adictos em recuperação, que tinham aprendido a viver sem drogas. Se eles tinham conseguido, nós também conseguiríamos. Através da abstinência e prática dos doze passos de Narcóticos Anônimos, nossas vidas tornaram-se úteis. Compreendemos que nunca estaremos curados e que conviveremos com a doença pelo resto de nossas vidas. Temos uma doença, mas nós nos recuperamos. A cada dia é-nos dada uma nova oportunidade. Em Narcóticos Anônimos deixamos novas idéias fluírem dentro de nós. Fazemos perguntas. Partilhamos o que aprendemos sobre a vida sem drogas; vemos claramente, que não importa o porquê, os doze passos funcionam. Aprendemos princípios espirituais como rendição, humildade e serviço. Experimentamos que o relacionamento com o Poder Superior, corrige defeitos de caráter e nos leva a ajudar os outros. Narcóticos Anônimos não se interessa no que ou quanto você usou, quais era os seus contatos, no que fez no passado, quanto você tem ou deixa de ter; só interessa a Narcóticos Anônimos o que você quer fazer pela sua recuperação e como ajudá-lo. Antes de chegarmos á irmandade de Narcóticos Anônimos, não podíamos controlar nossas próprias vidas. Não podíamos viver e apreciar a vida como as outras pessoas. Tínhamos que ter algo diferente e pensamos que havíamos encontrado isso nas drogas. Colocamos o uso de drogas acima do bem-estar de nossas famílias, esposas, maridos e filhos. Tínhamos que ter droga a qualquer custo. Prejudicamos muitas pessoas, mas, principalmente, prejudicamos a nós mesmos. Através da nossa inabilidade de aceitar responsabilidades pessoais, estávamos realmente criando nossos próprios problemas. Parecíamos incapazes de encarar a vida como ela é. A maioria de nós percebeu que, em nossa adicção, estávamos lentamente cometendo suicídio, mas a adicção é um inimigo tão traiçoeiro da vida, que tínhamos perdido o poder de fazer qualquer coisa. Em Narcóticos Anônimos descobrimos que somos doentes, sem cura; mas que em algum ponto pode ser detida, e a recuperação é possível. Frequentando Narcóticos Anônimos descobrimos três realidades perturbadoras: 1) Somos impotentes perante a adicção e nossas vidas estão incontroláveis. 2) Embora não sejamos responsáveis por nossa doença, somos responsáveis pela nossa recuperação. 3) Não podemos mais culpar pessoas, lugares e coisas pela nossa adicção. temos que encarar nossos problemas e nossos sentimentos. Nos concentramos em recuperação e sentimentos, não no que fizemos no passado. Velhos amigos, lugares e idéias são ameaças e precisam ser removidas. Que uma mudança na nossa maneira de ser!!! É uma grande dádiva nos sentirmos humanos novamente. O programa nos convenceu de que nós precisávamos nos modificar, em vez de tentar modificar as pessoas e situações à nossa volta. Descobrimos novas oportunidades, autoestima, autorrespeito, aceitamos a vontade de um Poder Superior em nossas vidas. Perdemos o nosso medo do desconhecido. Somos libertados. Respostas são oferecidas e problemas solucionados. Se você quer o que nós temos a oferecer e está disposto a fazer um esforço para obtê-lo, então está preparado para dar certos passos. Os doze passos são os princípios que possibilitam nossa recuperação. Isto parece ser uma grande tarefa e não podemos fazer tudo de uma só vez. Não nos tornamos adictos num dia, lembre-se – vá com calma. Mais do que qualquer outra coisa, uma atitude de indiferença ou intolerância com os princípios irá derrotar nossa recuperação. Três destes princípios são indispensáveis: honestidade, mente aberta e boa vontade. A única maneira de não voltar à adicção ativa é não usar aquela primeira droga. Você sabe “uma é demais e mil não bastam””. Narcóticos Anônimos coloca grande ênfase nisto, pois sabemos que, quando usamos qualquer droga, ou substituímos uma pela outra, liberamos nossa adicção novamente.
OS DOZE PASSOS NA VISÃO DE NARCÓTICOS ANÔNIMOS.
Passo Um.
“Admitimos que éramos impotentes perante a nossa adicção, que nossas vidas tinham se tornado incontroláveis.”
Impotência significa nos drogarmos contra a nossa vontade. Se não conseguimos parar, como podemos nos iludir dizendo que controlamos? Quando dizemos que “não temos escolha”, mostramos a incapacidade de parar de usar. A escolha certa é não tentar justificar nosso uso. Não chegamos a Narcóticos Anônimos cheios de amor, honestidade, boa vontade e mente aberta. Chegamos com dor física, mental, moral e espiritual. Ao nos sentirmos derrotados, estamos prontos. A adicção afeta negativamente todas as áreas de nossas vidas. É até um alívio descobrir que temos uma doença, e não uma deficiência moral. O alicerce do programa de Narcóticos Anônimos é a admissão de questões, por nós mesmos, não temos poder sobre a adicção. Quando aceitamos isso, completamos a primeira parte do passo um. Precisamos fazer uma segunda admissão para completar nosso alicerce. Somos mestres em manipular a verdade. Dizemos de um lado: “sim, sou impotente perante minha adicção”, e por outro lado, “quando acertar minha vida, poderei lidar com as drogas”. Nunca ocorreu nos perguntar: “se não podemos controlar a adicção, como podemos controlar nossas vidas?”. Nossas vidas não se tornam controláveis por conseguirmos emprego, sermos aceitáveis socialmente e com o retorno aos familiares. Aceitação social não significa recuperação. Quando damos o melhor de nós, começamos a ver que cada dia limpo é um dia bem sucedido, não importa o que aconteça. A rendição significa que não temos mais que lutar. Aceitamos a nossa adicção e a vida como ela é. Parece assustador termos que aceitar que só sobre a admissão da completa derrota é que construiremos o alicerce nossas vidas. Quando admitimos nossa impotência e incapacidade de controlar nossas vidas, abrimos a porta para que um Poder Superior nos ajude. Não é onde estávamos que conta, mas para onde estamos indo.
Passo Dois.
“Viemos a acreditar que um Poder Maior do que nós poderia devolver-nos à sanidade.”
O primeiro passo deixou um vazio em nossas vidas. Precisamos encontrar alguma coisa para preencher esse vazio. Esse é o propósito do segundo passo. Ajudá-lo a preencher o vazio com fé e sanidade. Quando chegamos ao programa, muitos de nós percebem que voltaram a usar inúmeras vezes, mesmo sabendo que estavam destruindo suas vidas em todos os sentidos e a caminho da morte. A insanidade mais óbvia da doença da adicção é a obsessão de usar drogas. Insanidade é repetir os mesmos erros, esperando resultados diferentes. “Por favor, me dê um ataque do coração ou um acidente fatal”. Se você acha que isso seria insano de sua parte pedir a alguém que lhe desse isso, então você não deverá ter qualquer problema com o segundo passo. Paramos de usar drogas, agora temos uma dor e um vazio; passamos a buscar um Poder maior que nós para aliviar nossa obsessão de usar. Começamos a desenvolver este relacionamento simplesmente admitindo a possibilidade de um Poder maior do que nós. A nossa compreensão de um Poder Superior fica a nosso critério. Ninguém vai decidir por nós. Pode ser o grupo, o programa ou Deus. importa que seja amoroso e maior que nós. Não precisamos ser religiosos para aceitar essa ideia, basta ter a mente aberta para acreditar. Falamos e ouvimos os outros. Elas estão se recuperando, começamos a ver evidências de um Poder que não podia ser explicado completamente. Podemos usar este Poder muito antes de compreendê-lo. Vendo os benefícios que acontecem em nossa vida, a aceitação se transforma em confiança, e passamos a nos sentir a vontade com nossa Poder Superior como fonte de força. Assim começamos a superar nosso medo da vida. Acreditar devolve-nos à sanidade, e a força para agir positivamente vem dessa crença.
Passo Três.
“Decidimos entregar nossa vontade e nossas vidas aos cuidados de Deus, da maneira que o compreendíamos”.
Como adictos, várias vezes entregamos nossa Vontade e nossas vidas a um poder destrutivo que são as drogas. Em Narcóticos Anônimos, decidimos entregar nossas vidas e nossas vontades aos cuidados de Deus, da maneira como nós O compreendemos. Este é um passo gigantesco. Não envolve religião. Basta ter voa vontade de abrir a porta para nosso Poder Maior, que funciona para nós e nos dá aquela força para nos manter limpos. O direito a um Deus, da maneira que você compreende, é total e irrestrito, por isso precisamos ser sinceros com Ele, se quisermos crescer espiritualmente. Nossa satisfação de entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, da maneira que O compreendemos, é que foi nós que decidimos; não foram as drogas, nossas famílias, uma autoridade, um juiz, um terapeuta ou um médico. Fomos nós que decidimos! Pela primeira vez, desde aquela primeira onda, tomamos uma decisão por nós mesmos. Decisão implica ação. Esta decisão é baseada na fé. A ação vem quando dizemos “tome minha vontade e minha vida. Oriente-me na minha recuperação. mostre-me como viver.” Nós devemos nos render à vontade de nosso Poder Superior calmamente, e deixá-lo cuidar de nós; nossos medos são diminuídos e a fé começa a crescer. Passamos a apreciar a vida limpa, sentir que não podemos parar no programa espiritual; queremos tudo que pudermos conseguir.
Passo Quatro.
“Fizemos um profundo e destemido inventário moral de nós mesmos”.
O propósito é arrumar a confusão e a contradição de nossas vidas. Precisamos descobrir quem realmente somos. Ficamos receosos pois pode haver um monstro dentro de nós que, se for libertado, irá nos destruir. Fomos mestres em auto-engano e racionalizações. Um inventário escrito, além de nos fazer superar estes obstáculos vai desvendar parte do nosso subconsciente. E a auto-avaliação honesta é uma das chaves de nossa nova maneira de ser e viver. Escrevendo sobre o nosso passado, até o presente, descobrimos que não éramos tão maravilhosos nem tão terríveis quanto imaginávamos. O objetivo do quarto passo, não é um sofrimento emocional, é tentar nos libertar de padrões velhos e inúteis. Damos o quarto passo para ganhar força e discernimento. Estivemos nos debatendo por muito tempo, sem chegar a lugar nenhum. Começamos agora o quarto passo sentindo-nos bem pelo privilégio de podermos fazer o que nos é o melhor possível no momento e sem nenhum medo. Nosso passado era como um fantasma preso no armário. Tínhamos medo de abri-lo, pois não sabíamos o que o fantasma faria. Mas agora não estamos sozinhos. Temos o grupo, o padrinho, o Poder Superior ao nosso lado. Devemos escrever sobre tudo: nossas experiências, culpa, vergonha, remorso, auto-piedade, ressentimentos, raiva, depressão, frustrações, confusões, solidão, ansiedade, deslealdade, desesperança, fracasso, medos e negação. O que nos incomoda aqui e agora. Escrever também as coisas boas que, agora limpos, julgamos ter: ter mente aberta, consciência de Deus, honestidade, aceitação, ação positiva, partilhar, ter boa vontade, coragem, fé, carinho, gratidão, gentileza e generosidade. Examinando nossa atuação passada e nosso comportamento presente, vamos ver o que queremos manter e o que queremos descartar. O inventário torna-se um alívio, pois a dor de fazê-lo é menor do que a dor de não fazê-lo. Quando as questões cotidianas surgem, escrevemos sobre elas e através desse mecanismo, ficamos serenos pois sabemos como resolver a vergonha, a culpa ou o ressentimento.
Passo Cinco.
“Admitimos a Deus, a nós mesmos e a outro ser humano a natureza exata de nossas falhas.”
É sugerido que admitamos a Deus, a nós mesmos e a outro ser humano a natureza exata de nossas falhas. Essa admissão deve vir dos nossos próprios lábios e não se trata de uma simples leitura do quarto passo. Seria trágico escrever tudo e depois jogar numa gaveta. Estes defeitos crescem no escuro e morrem à luz da exposição. Não precisamos nos sentir rejeitados por revelar a outro nossos segredos, os adictos de Narcóticos Anônimos nos entendem. Devemos escolher bem a pessoa que vai nos ouvir (padrinho); temos que ter a certeza de sua integridade e confiança em sua discrição. Não esconda nada sobre seu passado, pois assim a vergonha será superada, e podemos evitar culpa futura. À medida que partilhamos este passo, o padrinho também partilha um pouco da sua história. Descobrimos que não somos os únicos. Através da aceitação do nosso confidente, que podemos ser aceitos como somos. Onde antes tínhamos teorias espirituais, começamos a gora a despertar para a realidade espiritual.
Passo Seis.
“Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse estes defeitos de caráter.”
O que nós batalhamos no passo seis é a boa vontade. Abrir um pouco a mão dos defeitos de caráter, deve ser fruto de uma decisão. Até agora era mais cômodo nos apegarmos aos medos, aversões, dúvidas, auto-aversão, ódio, desonestidade, egoísmo, auto-piedade. Agora, limpos, vemos que se não somes humildes, somos humilhados. Se somos que se não somos humildes, somos humilhados. Se somos gananciosos, descobrirmos que nunca estaremos satisfeitos. Nossos defeitos sugam todo o nosso tempo e energia. Começarmos a ansiar pela nossa libertação destes defeitos. Rezamos ou ficamos dispostos, prontos e capazes de deixar que Deus remova estes traços destrutivos. Devemos entrar em contato com os velhos defeitos com a mente aberta. Ainda conscientes deles, continuamos a cometê-los. Quando vemos a existência destes, e o aceitamos, podemos abrir mão dos defeitos ou mal hábitos, e continuar nossa vida. Aprendemos que estávamos crescendo, quando cometemos novos erros, em vez de repetir os velhos. Devemos ser realistas, não alimentar fantasias. Este é um passo de boa vontade. O passo seis ajuda-nos a caminhar numa direção espiritual. Por sermos humanos, nós nos desviaremos do caminho. A rebeldia nos assalta neste ponto. Não percamos a fé quando ficarmos rebeldes. Podemos duvidar que Deus ache justo nos aliviar, ou podemos achar que algo vá dar errado. Nos prontificamos a deixar que nossos defeitos sejam removidos. Neste momento é importante saber que gradualmente, Deus vai removê-los, é preciso de nossa parte ter fé, humildade e aceitação assim, a boa vontade se transformar em esperança. Talvez, pela primeira vez, tenhamos uma visão amadurecida de nossa vida.
Passo Sete.
“Humildemente pedimos a Ele que removesse nossos defeitos de caráter.”
Os defeitos de caráter são as causas da dor e do sofrimento das nossas vidas. A humildade é o ingrediente principal do passo sete. A humildade resulta de seremos mais honestos conosco, ou seja, aceitar e tentar, honestamente, ser quem somos. Quando na ativa, todo nossa desejo era satisfazer nossos desejos materiais. Espirituais sequer existiam. O sétimo passo é de ação, chegou a hora de pedirmos a Deus ajuda e alivio. Não podemos ficar na defensiva; quando algum companheiro nos apontar um defeito, se quisermos realmente ser livres, ouviremos atentamente. Se após isso, eles forem reais, e tivermos oportunidade de nos livrar deles, certamente experimentaremos uma sensação de bem-estar. Devemos trabalhar este passo sem reservas, na base da pura fé, pois estamos cansados do que temos feito e sentido. Se algo está funcionando para você, vá com ele até o fim. Esta é a estrada para o crescimento espiritual. Vamos mudando dia-a-dia e com cuidado, saímos do isolamento e da solidão da adicção e entramos na corrente da vida. É o resultado de nossa ação e oração. Devemos sair de nós mesmos e lutar para alcançar a vontade do nosso poder superior. A humildade é essencial pois muitas vezes, Deus se manifesta através daqueles que se importam com a recuperação, ajudando-nos a tomar conhecimento dos nossos defeitos de caráter até então desconhecidos.
Passo Oito.
“Fizemos uma lista de todas as pessoas que tínhamos prejudicado e dispusemo-nos a fazer reparações a todas elas.”
O passo oito é o teste da nossa recém-encontrada humildade. O oitavo passo não é fácil, inicia o processo do perdão: perdoamos aos outros, possivelmente somos perdoados e, finalmente, nós nos perdoamos e aprendemos a viver no mundo. Estamos prontos para compreender que ser compreendidos. Podemos viver e deixar viver mais facilmente. Na preparação da lista de pessoas é importante definir o que seja “prejudicar”: uma definição de prejuízo é dano físico ou mental. Outra é causar dor, sofrimento ou perda. Pode ser causado por algo que seja dito, feito ou deixado de fazer. Podemos ter prejudicado com palavras ou ações, internacionais ou não. Este passo nos confronta com um problema: não admitimos que prejudicamos a outro por nos julgarmos a nós como vítimas de nossa adicção. é crucial evitar esta racionalização. Temos que separar o que fizeram conosco, com o que fizemos com os outros. Temos que admitir que prejudicamos outras pessoas. Como em todos os passos, devemos ser profundos. Portanto vamos fazer uma lista e nos dispor. Esse passo nos ajuda a criar uma consciência de que estamos, aos poucos, ganhando novas atitudes em relação a nós mesmos e no trato com as outras pessoas. Nosso futuro é modificado, porque não temos que evitar as pessoas que prejudicamos. Recebemos uma nova liberdade que pode por fim ao isolamento. O oitavo passo é de ação, de perdoar e pedir perdão e como todos os passos, oferece benefícios imediatos.
Passo Nove.
“Fizemos reparações diretas a tais pessoas, sempre que possível, exceto quando fazê-lo pudesse prejudicá-las ou a outros.”
Às vezes, o orgulho, o medo e a procrastinação (deixar para depois) parecem barreiras intransponíveis, obstruem o caminho do progresso e do crescimento. O importante é partir para ação, e estarmos prontos para aceitar as reações das pessoas que prejudicamos. Devemos fazer a reparação quando surgir a oportunidade, exceto quando fazê-lo possa causar mais prejuízo. Mas jamais devemos deixar de fazer as reparações, por medo, constrangimento ou procrastinação. Aprender a viver bem, é em parte, aprender a saber quando precisamos de ajuda. Fazemos nossa parte para resolver velhos conflitos através das reparações. Queremos desviar de mais antagonismos e de contínuos ressentimentos. Cada caso é um caso e vai exigir um extremo bom senso de nossa parte, para não agravarmos mais ainda a situação. É como pisar em ovos mas, teremos que fazê-lo. Às vezes a única reparação que podemos fazer, é nos mantermos limpos. Devemos isso a nós mesmos e as pessoas que amamos. Às vezes, a única maneira é contribuirmos para a sociedade ajudando outros adictos a se recuperarem. Muitos de nós, que estiveram separados de suas famílias, reataram. O tempo fala por si. A paciência é importante em nossa recuperação. para cada atitude positiva nossa, haverá uma oportunidade inesperada. Com muita coragem e fé, o resultado das reparações será muito crescimento espiritual.
Passo Dez.
“Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.”
O passo dez nos liberta dos destroços do nosso presente. Temos que continuar atentos. Em Narcóticos Anônimos aprendemos que se usarmos, perdemos. Da mesma forma, não sentiremos tanta dor, se pudermos evitar aquilo que nos causa dor. Continuar a fazer um relatório diário, sobre nossas atitudes, sentimentos, relacionamentos é o que chamamos de “inventário relâmpago”. Somos criaturas de hábitos. Às vezes parece mais fácil continuar no velho trilho da autodestruição do que tentar uma nova rota, aparentemente perigosa. O décimo passo nos ajuda a evitar os velhos padrões e nos ajuda a corrigir nossos problemas com a vida, e evitar que se repitam. Quando durante o dia, deixamos problemas não resolvidos, eles tendem a velha insanidade. Escrevendo sobre como foi nosso dia, podemos nos perguntar: estamos sendo arrastados para os velhos padrões de raiva, ressentimento ou medo. Sentimo-nos encurralados? Estamos arranjando problemas? Estamos muito famintos?, raivosos, solitários ou cansados? Estamos nos levando muito a sério? Estamos julgando nosso interior pela aparência exterior dos outros? Estamos sofrendo de algum problema físico? As respostas a essas perguntas, podem nos ajudar a lidar com as dificuldades do momento. Não precisamos mais viver com uma sensação de mal-estar, temos o grupo de Narcóticos Anônimos para nos auxiliar. Para fazer este inventário diário, a primeira coisa que fazemos ao final do dia é parar! Depois nos damos um tempo e nos permitimos o privilégio de pensar. Examinamos nossas ações, reações e motivos. Assim reconhecemos possível erros antes que se agravem. Precisamos evitar racionalizações. Prontamente admitimos nossos erros, não os justificamos. Precisamos deste passo, mesmo quando nos sentimos bem e quando as coisas estão dando certo. Os sentimentos bons são coisa nova para nós, e precisamos nutri-los. Os bons momentos também podem ser uma armadilha; corremos o perigo de esquecer que a nossa primeira prioridade é nos mantermos limpos. Não justificamos mais a nossa existência. Este passo permite que sejamos nós mesmos.
Passo Onze.
“Procuramos, através de prece e meditação, melhorar o nosso contato consciente com Deus, da maneira como nós O compreendemos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós e o poder de realizar esta vontade.”
Nosso estado espiritual é o alicerce de uma recuperação bem sucedida, que oferece crescimento ilimitado. Nossa crença determinará a maneira como oramos ou meditamos. Só precisamos da certeza de que temos um sistema de crença que funcione para nós. Usamos este passo para melhorar e manter o nosso estado espiritual, além de melhorar a capacidade de usar nosso Poder Superior como fonte de força em nossa vida. Assim, fica bem mais fácil dizermos “seja feita a Sua vontade, não a minha”. Deus não vai nos impor a sua bondade, mas poderemos recebê-la se pedirmos. A moralidade forçada não tem o poder que vem a nós quando escolhemos uma vida espiritual. A maioria de nós reza, quando está com dor. Aprendemos que, se rezarmos com regularidade, não sentiremos dor com tanta freqüência ou com tanta intensidade. A meditação permite que nos desenvolvamos espiritualmente da nossa própria maneira, livres de vínculos religiosos ou filosóficos. Algumas coisas que não funcionavam para nós no passado, poderão funcionar hoje. Temos um novo olhar a cada dia, com a mente aberta. Sabemos que se rogarmos a vontade de Deus, receberemos o que for melhor para nós, independente do que pensamos. Orar é comunicar nossas preocupações ou agradecimentos a um Poder Superior. Para alguns, oração é pedir a ajuda de Deus; meditação é escutar a resposta de Deus. rezamos para que Deus nos mostre a Sua vontade, e para que nos ajude a realizá-la. Se rogamos a Deus que remova quaisquer influências que nos distraiam de nossa recuperação, a qualidade de nossas preces geralmente melhoram e sentimos a diferença. Através da prece, buscamos o contato consciente com nosso Deus. na meditação, alcançamos este contato. Nos momentos tranquilos de meditação, com a mente sossegada e calma, a vontade de Deus pode tornar-se evidente para nós e nos trazer uma paz interior que nos põe em contato com o Deus dentro de nós, e nos leva ao equilíbrio emocional. A vontade de Deus para nós torna-se a nossa própria verdadeira vontade. Isto acontece de uma maneira intuitiva, que não pode ser adequadamente explicada em palavras. Começamos a sentir vontade de deixar que os outros sejam quem são, sem precisarmos julgá-los. Perdemos a urgência de controlar as coisas. Sabemos que Deus nos deu tudo aquilo que precisamos para o nosso bem-estar espiritual, independente do que o dia nos trouxe. Respeitamos as crenças dos outros. Nós o encorajamos a procurar força e orientação de acordo com a sua crença. Com uma atitude de rendição e humildade, retomamos este passo, repetidamente, para recebermos a dádiva do conhecimento e da força do Deus da nossa compreensão.
Passo Doze.
“tendo experimentado um despertar espiritual, como resultado destes passos, procuramos levar esta mensagem a outros adictos e praticar estes princípios em todas nossas atividade.”
Existe um princípio espiritual de dar aquilo que nos foi dado em Narcóticos Anônimos, para podermos mantê-lo. Ao ajudarmos os outros a se manterem limpos, desfrutamos o benefício da riqueza espiritual que encontramos. Temos de dar livremente e com gratidão o que nos foi dado livremente e com gratidão. As mudanças nos tornam mais capazes de viver segundo princípios espirituais, e de levar a nossa mensagem de recuperação e esperança ao adicto que ainda sofre. Em Narcóticos Anônimos um despertar espiritual, incluem o fim da solidão e um sentido de direção nas nossas vidas. Para mantermos a paz de espírito, nós nos esforçamos para viver o aqui e agora acompanhado por um crescente interesse pela recuperação dos outros. Partilhar esta nova dádiva que recebemos com os adictos que ainda sofrem, é o melhor seguro contra uma recaída na tortuosa existência do uso. É um privilégio responder a um apelo de ajuda de outro adicto em recuperação. lembremos sempre, que já estivemos no abismo do desespero. Às vezes, o poder do exemplo é a única mensagem necessária. Evitemos dar conselhos, a mensagem simples e honesta de recuperação da adicção soa verdadeira. Mantendo-nos limpos, começamos a praticar princípios espirituais como esperança, rendição, aceitação, honestidade, mente aberta, boa vontade, fé, tolerância, paciência, humildade, amor incondicional, partilhar e interesse. Espiritualmente revigorados, estamos contentes por estarmos vivos. Sim, somos uma visão de esperança. Somos exemplos de que o programa funciona. A felicidade que temos em viver limpos é uma atração para o adicto que ainda sofre. RECUPERAÇÃO E RECAÍDA. Muita gente pensa que a recuperação é apenas uma questão de não usar drogas. Consideram a recaída um sinal de fracasso completo, e os longos períodos de abstinência, um sucesso total. Nós, do programa de recuperação de Narcóticos Anônimos, achamos essa ideia demasiada simplista. Depois de um membro ter tido algum envolvimento com nossa irmandade, uma recaída pode ser uma experiência impressionante e provocar uma aplicação mais rigorosa do programa. Da mesma forma, observamos alguns membros que se mantêm abstinentes durante longos períodos, mas cuja desonestidade e auto-engano os impedem de desfrutar completamente a recuperação e a aceitação na sociedade. A melhor base para o crescimento, no entanto, ainda é a completa e contínua abstinência, o trabalho conjunto e a identificação com outros adictos nas reuniões de Narcóticos Anônimos. Embora todos os adictos sejam basicamente do mesmo tipo, o grau da doença e o ritmo da recuperação diferem de indivíduo para indivíduo. Às vezes, uma recaída pode estabelecer a base para uma completa liberdade. Outras vezes, só é possível alcançar essa liberdade através de uma vontade inflexível e obstinada de ficar limpo, aconteça o que acontecer, até passar a crise. Um adicto que, por qualquer maio, consegue superar, pelo menos por um tempo, a necessidade ou o desejo de usar, tem livre escolha sobre seus pensamentos impulsivos e ações compulsivas. Atingiu um ponto que pode ser decisivo para a sua recuperação. às vezes, esse é o ponto crítico da sensação da verdadeira independência e liberdade. A possibilidade de sairmos do programa e de voltarmos a controlar nossas próprias vidas é algo que nos atrai, mas parece que sabemos que o que temos hoje é resultado da fé num Poder Superior e o fato de darmos e recebermos ajuda por empatia. Muitas vezes, em nossa recuperação, os velhos fantasmas ainda nos perseguem. A vida pode voltar a ser monótona, aborrecida e sem sentido. Podemos nos cansar fisicamente de repetir nossas novas idéias, e podemos nos cansar fisicamente com nossas novas atividades, mas sabemos que, se não as repetirmos, certamente voltaremos aos nossos velhos hábitos. Se não usarmos o que temos, provavelmente, perderemos. Frequentemente, essas ocasiões são os períodos de maior crescimento para nós. Nossas mentes e corpos parecem cansados de tudo. Mesmo assim, as forças dinâmicas da verdadeira mudança, bem dentro de nós, podem estar agindo para nos dar as respostas que alteram nossas motivações internas e mudam nossas vidas. A nossa mente é a recuperação através da vivência dos doze passos, não a mera abstinência física. Nosso crescimento exige esforço e, como não há maneira de se incutir uma ideia nova numa mente fechada, tem que haver uma abertura. Como só nós mesmos podemos fazer isso, precisamos reconhecer dois dos nossos inimigos inerentes: a apatia e a procrastinação. Nossa resistência à mudança parece arraigada, e somente uma explosão nuclear provocará alguma mudança, ou iniciará um novo curso de ação. Se sobrevivermos a ela, a recaída poderá representar o detonador do processo de demolição. Uma recaída ou, às vezes, a morte de algum conhecido íntimo podem nos despertar a necessidade de uma vigorosa ação pessoal. Temos visto adictos chegarem à nossa irmandade, experimentarem o nosso programa e manterem-se limpos durante um período de tempo. Com o tempo, alguns adictos perderam o contato com outros adictos em recuperação e acabaram voltando à adicção ativa. Esqueceram que é realmente a primeira droga que inicia o ciclo mortal novamente. Tentaram controlar, usar com moderação, ou usar apenas certas drogas. Nenhum destes métodos de controle funciona para adictos. A recaída é uma realidade. Pode acontecer e realmente acontece. A experiência demonstra que, quem não trabalha nosso programa de recuperação, diariamente, pode recair. Vimos eles voltarem em busca de recuperação. talvez tivessem estado limpos, durante anos, antes de recaírem. Se tiveram sorte o bastante de conseguir voltar, estão muito abalados. Eles nos dizem que a recaída foi mais horrível do que ouso anterior. Nunca vimos uma pessoa que vive o programa de Narcóticos Anônimos, recair. As recaídas são freqüentemente fatais. Já fomos a enterros de pessoas queridas que morreram de uma recaída. Morreram de várias maneiras. Muitas vezes, vemos pessoas recaídas, perdidas, durante anos, vivendo na miséria. Aqueles que acabam em prisões ou instituições podem sobreviver e, talvez, sejam reapresentados a Narcóticos Anônimos. Em nossas vidas diárias, estamos sujeitos a quedas emocionais e espirituais, que nos tornam indefesos contra a recaída física com o uso de drogas. Por ser a adicção uma doença incurável, adictos estão sujeitos a recaídas. Nunca fomos forçados a recair. É nos dado uma escolha. A recaída nunca é acidental. A recaída é sinal de que temos reservas para com nosso programa. Começamos a negligenciar nosso programa e deixar brechas em nossas vidas diárias. Sem perceber as ciladas à nossa frente, tropeçamos cegamente na crença de que podemos conseguir por nós mesmos. Mais cedo ou mais tarde, caímos na ilusão de que as drogas tonam a vida mais fácil. Acreditamos que as drogas, tonaram mais fácil a vida. Acreditamos que as drogas podem nos modificar, e esquecemos que estas mudanças são mortais. Quando acreditamos que as drogas resolverão nossos problemas e esquecemos o que elas podem fazer contra nós, estamos realmente em apuros. Se as ilusões de que podemos continuar a usar ou parar de usar sozinhos não forem estilhaçadas, estaremos certamente assinando a nossa própria sentença de morte. Por alguma razão, o descuido de nossos afazeres pessoais diminui a nossa auto-estima e estabelece um padrão que se repete em todas as áreas das nossas vidas. Se começarmos a evitar as nossas novas responsabilidades, faltando a reuniões, negligenciando o trabalho do décimo-segundo passo, ou não nos envolvendo, nosso programa pára. Coisas deste tipo nos levam à recaída. Possivelmente, sentimos uma mudança acontecendo em nós. Nossa capacidade de manter a mente aberta desaparece. É possível que fiquemos com raiva ou ressentimentos com tudo e com todos. Possivelmente, começamos a respeitar as pessoas mais chegadas. Nós nos isolamos. Cansamos de nós mesmos em pouco tempo. Voltamos aos padrões de comportamento mais doentios, mesmo sem ter que usar drogas. Quando um ressentimento ou qualquer outra reviravolta emocional ocorre, a falta da prática dos doze passos pode resultar numa recaída. O comportamento obsessivo é um denominador comum para pessoas adictivas. Não gostamos de estar errados mas precisamos lembrar de onde viemos e que a nossa doença ficará progressivamente pior, se não usarmos. É aí que precisamos da irmandade. Esquecemos que hoje temos uma escolha. E ficamos mais doentes. Focalizamos qualquer coisa que não está indo de nossa maneira e ignoramos toda a beleza em nossas vidas. Sem nenhum real desejo de melhorar as nossas vidas, ou até mesmo de viver, apenas nos afundamos cada vez mais e mais. alguns de nós nunca conseguem voltar. As vezes vemos o nosso comportamento passado como parte de nós mesmos, e como parte de nossa doença. Damos novamente o primeiro passo, as coisas melhoram e pensamos que não precisamos realmente deste programa. A petulância é um sinal vermelho. A solidão e a paranoia voltarão. As coisas pioram. Damos o primeiro passo de verdade, desta vez interiormente. Haverá momentos, no entanto, em que sentiremos realmente vontade de usar. Precisamos lembrar de onde viemos e que, desta vez, será pior. Quando esquecemos o esforço e o trabalho que tivemos para conseguir um período de liberdade em nossas vidas, logo vem a falta de gratidão, a autodestruição começa novamente. Se não agimos logo, corremos o risco da recaída. Mantendo nossa Ilusão da realidade, em vez de usar as ferramentas do programa, retornaremos ao isolamento. A solidão nos matará por dentro e as drogas, que quase sempre vem em seguida, podem completar o processo. Os sintomas e sentimentos que vivemos no final do uso voltarão mais fortes do que antes. A recaída pode ser a força destrutiva que nos mata, ou a que nos leva a perceber quem e o que realmente somos. Para nós, usar é morrer em todos os sentidos. Relacionamentos podem ser uma área terrivelmente dolorosa. Colocarmos expectativas em nós e nos outros. Fantasiamos e projetamos o que acontecerá. Ficamos com raiva se aquilo que planejamos não der certo, embora às vezes não passem de meras fantasias. Os velhos pensamentos e sentimentos de solidão, desespero, desamparo, etc. Podemos trabalhar estes sentimentos negativos, escrevendo sobre o que queremos, o que estamos pedindo, o que conseguimos, e partilhando como nosso padrinho ou outra pessoa de confiança. Quando deixamos os outros compartilharem conosco a sua experiência, conseguimos ter esperança de que vai melhorar. Frequentando reuniões diariamente, vivendo um dia de cada vez e lendo literatura, parece que nossa atitude mental se encaminha para o positivo de novo. A boa vontade de tentar o que funcionou para os outros é vital. Mesmo quando sentimos que não queremos frequentar reuniões, elas são uma fonte de força e esperança para nós. É importante partilhar nossos sentimentos quando temos vontade de usar. É importante lembrar que o desejo de usar passará. Não temos que usar nunca mais, independente de como nos sentimos. Todos os sentimentos acabarão passando. A progressão da doença é um processo constante, mesmo durante a abstinência . O esforço para receber ajuda é o começo de uma luta que nos libertará. Boas idéias e boas intenções não ajudam se não as colocarmos em ação. Temos que demolir os muros que nos aprisionam. A partilha honesta nos libertará para a recuperação. somos gratos por ser bem recebidos nas reuniões. Descobrimos que o sentimento de ajudar aos outros motiva a fazer o melhor de nossas vidas. Descobrimos que dor partilhada é dor diminuída. A recuperação em Narcóticos Anônimos tem devir de dentro, e ninguém se mantém limpo para ninguém, a não ser para si próprio. Na nossa doença, estamos lidando com um poder violento, destrutivo e maior do que nós, que pode levar a recaída. Se tivermos recaído, é importante mantermos em mente que temos de voltar às reuniões rapidamente. É questão de tempo para que nossa traiçoeira doença, nos leve a um ponto sem retorno. Assim que usamos, estamos sob o domínio da nossa doença. Muitos de nós ficam limpos num ambiente protegido, tal como um centro de reabilitação ou clínica de recuperação. quando voltamos para o mundo, nós nos sentimos perdidos, confusos e vulneráveis. Indo a reuniões, com a maior freqüência possível, reduziremos o choque da mudança. As reuniões proporcionam um lugar seguro para partilhar. Temos que usar o que aprendemos, ou perdemos numa recaída. Manutenção espiritual significa recuperação contínua. As recaídas também podem cair numa outra armadilha. Podemos duvidar que possamos parar de usar e nos mantermos limpos. Nunca conseguimos ficar limpos por nossa conta. Nós nos castigamos quando voltamos ao programa. Imaginamos que nossos companheiros não respeitarão a coragem que tivemos em voltar. Aplaudimos com toda sinceridade. Não é vergonhoso recair – a vergonha está em não voltar. Uma vez que passamos limpos por um momento difícil, ganhamos uma ferramenta de recuperação que podemos usar de novo e outra mais. Se recairmos, podemos sentir culpa e vergonha. A recaída é vergonhosa, mas não podemos livrar a cara e salvar nossa pele ao mesmo tempo. Descobrimos que é melhor voltarmos para o programa o mais rápido possível. É melhor engolirmos o nosso orgulho do que morrermos ou ficarmos insanos para sempre. Agora, sabemos que a velha máxima “uma vez adicto, sempre um adicto” é mentira e não será mais tolerada, nem pela sociedade nem pelo adicto. Nós nos recuperamos, sim! A recuperação começa com a rendição. A partir daí, cada um de nós é lembrado de que um dia limpo é um dia ganho. Em Narcóticos Anônimos, sem nossas atitudes, pensamentos e reações mudam. Percebemos que não somos alienígenas e começamos a compreender e aceitar quem somos. Para nós, a adicção é a obsessão de usar as drogas que estão nos destruindo, seguida de uma compulsão que nos força a continuar. Buscamos a ajuda de adictos que estão desfrutando a vida livres da obsessão de usar drogas. Podemos nos manter limpos e apreciar a vida, se nos lembrarmos de viver "só por hoje". Não precisamos compreender este programa para que ele funcione. Só temos que seguir as sugestões.
SÓ POR HOJE – VIVER O PROGRAMA.
Todos os dias repita para você mesmo:
Só por hoje = Meus pensamentos estarão concentrados na minha recuperação, em viver e apreciar a vida sem drogas.
Só por hoje = Em meus pensamentos terei fé em alguém de Narcóticos Anônimos, que acredita em mim e quer ajudar minha recuperação.
Só
por hoje = Terei um programa. Tentarei segui-lo o melhor que puder.
Só por hoje = Tentarei conseguir uma melhor perspectiva da minha vida através de Narcóticos Anônimos.
Só por hoje = Não terei medo, pensarei nos meus novos companheiros, pessoas que não estão usando drogas e que encontraram uma nova maneira de viver.
Enquanto eu seguir este caminho, não terei nada a temer. Admitimos que nossas vidas têm sido incontroláveis, mas, às vezes, temos dificuldades em admitir que precisamos de ajuda. A nossa própria teimosia traz muitos problemas na nossa recuperação. queremos e exigimos que as coisas corram sempre à nossa maneira. Deveríamos saber, pela nossa experiência passada, que a nossa maneira de fazer as coisas não funcionou. O principio da rendição diária ao nosso Poder Superior proporciona a ajuda de que precisamos. Quando nos recusamos a praticar a aceitação, estamos negando nossa fé. Viver só por hoje alivia a carga do passado e o medo do futuro. Aprendemos a tomaras atitudes necessárias, e a deixar os resultados nas mãos do nossa Poder Superior. Nós nos recuperamos numa atmosfera de aceitação e de respeito pelas crenças de cada um. Tentamos evitar o auto-engano da arrogância e da autojustificação. Os agnósticos e os ateus, muitas vezes, começam simplesmente falando com “o que quer que seja”, existe um espirito, ou energia, que pode ser sentido nas reuniões. Quando aceitamos que a nossa adicção causou o nosso próprio inferno e que existe um poder disponível para nos ajudar, começamos a fazer progressos na solução dos nossos problemas. Muitos de nós descobrimos que momentos de silêncio, reservados para nós mesmos, ajudam-nos a entrar em contato consciente com nosso Poder Superior. Tranquilizando a mente, a meditação consegue nos trazer calma e serenidade. Algumas coisas temos que aceitar, outras podemos modificar. A sabedoria para perceber a diferença, vem com o crescimento do nosso programa espiritual. Se mantivermos diariamente a nossa condição espiritual, será mais fácil lidarmos com a dor e com a confusão. Esta é a estabilidade emocional de que tanto precisamos. Os três princípios básicos são: honestidade, mente aberta e boa vontade. é como o nosso programa funciona. A falta de qualquer um deles pode levar a recaída e fará a recuperação difícil e dolorosa, quando poderia ser simples. Aprendemos a pedir ajuda antes de tomarmos decisões difíceis. Eu não posso, nós podemos! Assim, a recuperação em Narcóticos Anônimos vem de dentro e de fora de nós.
MAIS SERÁ REVELADO.
À medida que a nossa recuperação foi progredindo, nós nos tornamos, cada vez mais, conscientes de nós mesmos e do mundo à nossa volta. Nossas necessidades e vontades, nossas qualidades e deficiências foram-nos reveladas. Viemos a compreender que não tínhamos poder de modificar o mundo externo, que só podíamos modificar a nós mesmos. O que mais queremos é nos sentirmos bem conosco. Hoje, a recuperação é uma realidade, temos verdadeiros sentimentos de amor, alegria, esperança, tristeza, excitação. Não são os velhos sentimentos induzidos por drogas. Aprendemos a ser flexíveis e a admitir quando os outros estão certos, e nós errados. À medida que as coisas novas vão sendo reveladas, nós nos sentimos renovados. Experimentamos o fracasso e aprendemos a ter sucesso. Cometemos erros, e aceitamos melhorar
com eles. Não importa o quão dolorosas as tragédias da vida possam ser para nós, uma coisa é certa: não temos que usar aconteça o que acontecer; devemos estar preparados para aceitar que as realidades da vida não se vão só porque estamos limpos. Os membros mais novos são uma fonte constante de esperança, sempre nos lembrando que o programa funciona. Quando trabalhamos com os recém-chegados, temos a oportunidade de viver os conhecimentos que adquirimos, mantendo-nos limpos. Aprendemos a valorizar o respeito dos outros. Agrada-nos que as pessoas possam contar conosco. Pela primeira vez na vida, podemos ser solicitados para cargos de responsabilidades em organizações comunitárias fora de Narcóticos Anônimos. Nossas opiniões são procuradas e respeitadas por não adictos em outras áreas distintas da adicção ou recuperação. conseguimos apreciar nossas famílias de uma nova maneira e ser valiosos para eles, não mais um fardo ou embaraço. Hoje, eles podem se orgulhar de nós. É uma sensação boa sabermos que, além de sermos úteis aos outros como adictos em recuperação, também temos valor como seres humanos.
ORAÇÃO DA SERENIDADE.
“Conceda-me Senhor, a Serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar. Coragem! Para modificar aquelas que posso. E Sabedoria para distinguir uma das outras. Só por Hoje. Funciona!!!”
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